Estudo sobre PC popular constata migração de sistema operacional

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A Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes) divulgou nesta terça-feira (21/11) estudo realizado com compradores de equipamentos do projeto Computador Para Todos do governo federal. O levantamento, conduzido pelo instituto de pesquisa Ipsos, visa analisar alguns dos objetivos do programa de inclusão digital.

O estudo conclui que 73% dos usuários desinstalaram o sistema operacional de código aberto, pré-instalado nos computadores do programa federal, substituindo-o por outro, de código proprietário. Segundo os entrevistados, a mudança ocorreu, em média, 31 dias após a compra do equipamento.

Segundo o levantamento 47% dos usuários afirmaram que a troca foi realizada sem nenhum tipo de pagamento ? por intermédio de amigos, parentes ou técnicos ?, enquanto 26% confirmaram um pagamento adicional médio de R$ 137 pela compra e instalação do novo sistema operacional, uma forte evidência de utilização de cópias ilegais.

De acordo com o presidente da entidade, Jorge Sukarie, o governo federal deveria rever a exigência de venda de computador com um único tipo de sistema operacional. "A pesquisa constata, de forma plena, que o sistema operacional que vem pré-instalado no equipamento é substituído após a compra. O governo federal deveria permitir que o usuário tivesse oportunidade de escolher o sistema operacional que equipa os equipamentos do programa Computador para Todos, mesmo que isso implique valores diferentes no preço final do computador."

Para Sukarie, essa é a melhor maneira de garantir o perfeito funcionamento do PC, além de garantir que o usuário tenha assistência técnica permanente e de impedir o aumento da pirataria de software.

"A Abes, em diversas oportunidades, já havia se manifestado no sentido de que a oferta de uma solução única, cerceando a liberdade de escolha do sistema operacional por parte do usuário do programa Computador para Todos, acabaria induzindo e estimulando o consumidor ao grave crime de pirataria de software, cujas penas estão previstas pela legislação federal", explica Sukarie.

O presidente da entidade lembrou também os resultados de um estudo divulgado pelo instituto de pesquisa IDC, em janeiro de 2005, sobre iniciativas semelhantes ao do Computador para Todos realizadas em alguns países em desenvolvimento. O estudo já apontava que a adoção obrigatória de um sistema operacional de código aberto em programas de financiamento de computadores às camadas mais pobres da população, implicou na substituição desse tipo de sistema operacional por cópias ilegais de sistemas proprietários, levando a um aumento nos índices de pirataria naqueles países e à extinção prematura dos programas.

Outra constatação do levantamento é que o programa Computador para Todos tem atingido seu objetivo de aumentar a venda de computadores à população menos favorecida, através da redução de preço e facilidade de pagamento. Os dados mostram que quase 70% dos entrevistados se enquadravam nas classes C e D e 86% adquiriram seu primeiro computador.

"O programa tem muitos elementos positivos, mas alguns resultados da pesquisa e o volume de máquinas comercializadas ? 265 mil unidades vendidas no primeiro semestre deste ano, segundo dados recentemente divulgados ? talvez seja o momento de revisar e ajustar alguns parâmetros do programa, tais como prazo de financiamento", explica Sukarie.

Realizada com base em uma listagem de 4 mil compradores, a pesquisa baseou-se em 502 entrevistas telefônicas, com duração média de 25 minutos. Os questionários estruturados ouviram dois públicos, os responsáveis pela compra e os principais usuários do computador. O estudo foi realizado em junho. A pesquisa pode ser encontrada no endereço http://www.abes.org.br/computadorparatodos.pdf

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