Parcerias são fundamentais para que empresas ampliem seus negócios. Não importa se é uma startup ou uma gigante multinacional, as parcerias sempre aparecem no radar das empresas como parte estratégica e alicerce para o sucesso num cenário global e competitivo como o que vivemos hoje.
No entanto, o avanço da tecnologia da informação vem mudando a dinâmica da concretização de tais parcerias, demandando um alto nível de integração entre processos de empresas diferentes. Esse relacionamento tem papel importante no processo de inovação e geração de novos produtos, além de dar acesso a novos mercados e possibilitar a conquista de muitos clientes.
E, se integrar sistemas de uma mesma empresa já não é tarefa simples, imagine quando o interlocutor está, possivelmente, a milhares de quilômetros de distância e fala mandarim!
É no compartilhamento de informações e integração de sistemas que a utilização de APIs pode fazer toda a diferença, mesmo quando o seu parceiro está apenas a alguns quilômetros de distância e fala português mesmo. As APIs – Application Programming Interfaces – são uma maneira muito simples para o compartilhamento de informações e integração direta entre sistemas de empresas diferentes (ou não). Uma forma muito mais eficiente do que o famoso padrão internacional PPC-PPL (planilha pra cá – planilha pra lá).
Sim, existem os EDI (Electronic Data Interchange), troca de arquivos em formatos pré-definidos, e, em situações mais modernas, troca de arquivos XML e até invocação de Web Services. Entretanto, mesmo usando XML e Web Services, o problema está no fato das integrações serem ponto-a-ponto. Ou seja, seu parceiro não consegue avançar sem que você tenha que criar uma integração exclusiva para ele e dedicar seu time de TI para garantir que, daqui a, quem sabe, oito meses, seu parceiro consiga concretizar a integração.
Aí você se pergunta: mas meu sobrinho, num final de semana, construiu um aplicativo móvel que faz o login com o Facebook, recupera as datas de aniversário e as preferências dos meus amigos, se conecta com o Buscapé ou o Mercado Livre e gera uma lista de sugestões de presentes. Sim, num final de semana, e tudo isso sem interagir com uma pessoa sequer do Facebook ou Mercado Livre.
Ok, Facebook e Mercado Livre possuem modelos de informação não tão complexos quanto os seus, além de requisitos de segurança não tão "paranoicos", afinal de contas é só uma consulta a algo que está lá, "pra quem quiser ver". Mas e se você soubesse que o maior banco francês, a maior empresa de Telecom americana e um dos principais veículos de mídia impressa dos estados unidos também usam APIs?
Pois é, mas isso é real e acontece com muito mais frequência do que talvez possamos imaginar.
Antes de continuar, só uma interferência mais técnica: XML e Web Services têm tudo a ver com APIs. Mas há duas diferenças básicas:
*Uso de um modelo que dá todas as ferramentas para que o desenvolvedor do seu parceiro possa avançar por conta própria, self-service.
*Conjunto de tecnologias leves, que incluem REST e JSON e alguns elementos de software que aplicam as regras de segurança e protegem seu backend.
Não seria nenhum exagero dizer que as APIs podem atuar como catalizadores das parcerias de negócio, pois podem acelerar e simplificar as questões tecnológicas envolvidas nos modelos de parceria.
Uma empresa que disponibiliza suas integrações com parceiros através de APIs, descomplica a comunicação entre seus sistemas, trazendo uma série de benefícios:
- Agilidade: Um modelo de API, com um website focado em desenvolvedores e parceiros, processo automatizado de atribuição de chaves de acesso, modelo simplificado de dados, tecnologias leves, com documentação focada em tutoriais e exemplos, além de um ambiente de playground para testes, reduz o tempo de integração entre sistemas e aplicativos de meses para dias – ou até mesmo horas.
- Diminuição de custos internos: Não é necessário discutir questões técnicas de integração caso a caso para cada parceiro. Podemos dizer que as APIs são quase "plug & play" e, por isso, uma vez desenvolvida, o custo para a integração de novos sistemas e aplicativos é muito baixo.
- Escalabilidade: Facilitar a adesão de novos parceiros e desenvolvedores. Não sobrecarregar a equipe de TI neste processo de "onboarding" faz com que a capilaridade da estratégia de parcerias possa ser muito maior.
- Controle: Ter a visibilidade de todas as integrações ativas, poder criar políticas de acesso com limites e quotas que evitem o uso indevido, conhecer os aplicativos de parceiros que mais interagem com sua API, o volume de acesso, tempo de resposta e histórico de indisponibilidades são algumas das vantagens que uma API bem instrumentalizada pode trazer.
O gigante do e-commerce brasileiro Nova Pontocom, através do portal Extra.com.br lançou um Marketplace onde lojistas independentes podem comercializar produtos através do Extra.com.br e proporciona para o comprador uma experiência unificada, ainda que comprando produtos de diferentes lojistas. A integração dos lojistas com o Markeplace é automatizada através de um conjunto do APIs. Os parceiros entram no site desenvolvedores.extra.com.br e acessam todas as informações necessárias para integrar tecnicamente seus sistemas de vendas com a plataforma de e-commerce do Extra.
Assim como devem ser as parcerias de sucesso, a adoção bem feita de uma estratégia de disponibilização de APIs para parceiros é uma negociação "ganha-ganha". Primeiro porque a empresa centraliza seu canal tecnológico para parceiros, diminuindo custos e aumentando seu alcance, e, segundo, o parceiro consegue embarcar de maneira menos traumática, concentrando as discussões nas questões de negócio e não em questões técnicas.
Pergunte aos seus parceiros, que gostariam ou precisam se integrar com seus sistemas, o que eles achariam de uma integração que pudesse ser feita de maneira rápida, simples e segura. Com certeza a resposta seria, no mínimo, "ótima".
Kleber Bacili, CEO e Marcílio Oliveira, COO da Sensedia.