Diante de todas as possibilidades que o metaverso abriu para novos produtos, negócios, investimentos e relacionamentos, as empresas, investidores e as instituições financeiras já estudam e fazem simulações para entenderem os potenciais benefícios que podem surgir de atividades nesse ambiente. Ativos digitais, negociação de bens, moedas, obras de arte, treinamentos de equipes, apresentação de projetos, programas de relacionamento com clientes e live commerce são apenas alguns exemplos de oportunidades nessa realidade virtual.
No entanto, para usufruir de tudo o que se desenha nessa nova perspectiva de negócios, é fundamental estar preparado para evitar golpes, enganos e gaps nos mecanismos de defesa da plataforma. Esse importante alerta e os possíveis caminhos para enfrentar os desafios de segurança são apresentados na análise "Metaverse: A Double-Edged Sword" (em tradução livre: "Metaverso: Uma Faca de dois Gumes"), realizada pela Capco, consultoria global de gestão e tecnologia dedicada ao setor de serviços financeiros do Grupo Wipro.
Por isso, as organizações que tomarem a dianteira para mitigar esses problemas terão vantagem competitiva por oferecer estabilidade e segurança para seus clientes, o que certamente vai acarretar resultados financeiros positivos, reputação no mercado e liderança estratégica.
A análise da Capco salienta essa necessidade diante de um fato mundial: à medida que a tecnologia foi avançando e trazendo para o cotidiano todo tipo de facilidade, toda a sociedade foi se tornando cada vez mais dependente de dados. Da simples conversa nos aplicativos de mensagens instantâneas para desejar bom dia às complexas transações comerciais e financeiras, tudo passa por uma cadeia enorme de informações de alto valor que precisam ser protegidas. Alguns passos importantes já foram colocados em prática com a regulamentação de leis criadas em todo o mundo especialmente para o tratamento e proteção das informações, como é o caso da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que entrou em vigor no Brasil em agosto de 2020.
Segundo o estudo da consultoria global Capco, o valor de mercado do metaverso em 2020 era de US$ 48 bilhões e deve crescer acima de US$ 800 bilhões até 2028 com o investimento de grandes players como a Meta (ex-Facebook), Google, Microsoft e Nvidia, ao mesmo tempo em que empresas financeiras, por exemplo, estão explorando esse universo para descobrir como oferecer seus produtos e serviços nesse mercado potencial.
O metaverso é formado por um conjunto de tecnologias, dentre elas realidade aumentada, realidade virtual e blockchain. Conforme esse ambiente vai se desenvolvendo e agregando mais participantes, deverá evoluir para parecer cada vez mais algo próximo à realidade. E vai coletar uma infinidade de dados. Assim, será um ambiente que tende a ter cibercriminosos atuando para encontrar formas de hackear e dominar ambientes nesse universo virtual. Por isso, destaca a análise da Capco, a prevenção de lavagem de dinheiro, microtransações, do uso indevido de propriedade intelectual e roubo de identidades devem ser prioridades para empresas e instituições financeiras que constroem ambientes no metaverso e que oferecem produtos e serviços. O sentimento de segurança será fundamental para que os usuários circulem nessa realidade virtual e utilizem o que é ofertado nela. .
De acordo com a Capco, os desafios são variados e, por isto, exigem diferentes ações propositivas. Essas ações incluem:
– Cibersegurança: As empresas têm infraestrutura moderna para proteger seus sistemas de TI, mas constantemente estão sob ameaça de ataques. É necessário implementar maneiras inovadoras de impor segurança cibernética, fortalecer a estrutura, melhorar análise de risco e monitorar de forma constante as ameaças para mitigar os danos.
– Gerenciamento de Identidade: O avatar pode ser uma escolha pessoal, mas é fundamental associá-lo a uma identidade distinta do mundo real com métodos de verificação como dados biométricos aprimorados para garantir sua legitimidade.
– Criptomoeda e Pagamentos: Pagamentos em moeda digital devem ser verificados antes do processamento para evitar fraudes. A autenticidade da pessoa física ou jurídica é primordial para garantir que o mercado esteja operando em um padrão justo e eficiente.
– Regulamento: Enquanto não existirem regras claras de funcionamento, os prejuízos devem recair sobre as empresas que investem em inovações. Por isso é importante que um padrão seja estabelecido no setor, que leis e regulamentos sejam introduzidos para combater fraudes que venham a levar a um tratamento desigual.
– Propriedade Intelectual: Uma propriedade intelectual que é criada, comprada e/ou vendida precisa ser verificada e validada com vínculo à identidade do mundo real. Se essa medida não for tomada, pode ocorrer violação de propriedade intelectual, conflitos de comprovação de propriedade, disputas, fraude ou lavagem de dinheiro.
– Privacidade do Consumidor e Gestão: Dados valem muito. Informações confidenciais coletadas por dispositivos VR/MR, como informações biométricas para identificar o usuário, podem ser armazenadas em um cofre robusto de blockchain por trás de várias camadas de segurança, contribuindo, inclusive, para melhor gestão desses dados.
Em sua análise, a Capco ainda salienta que todos os dispositivos usados nessa nova tecnologia devem ser projetados de forma responsável e ética com controle de segurança e meios de rastreamento porque nessa dimensão de realidade mista são rastreados os movimentos corporais e padrões de ondas cerebrais, mas também é feito o monitoramento do que os usuários dizem, olham ou pensam. Dados tão valiosos permitirão a quem os controlar a capacidade de controlar toda a sua realidade.
A análise completa está no original em inglês