Em 2024, o financiamento de startups lideradas por mulheres nos Estados Unidos sofreu um retrocesso significativo. De acordo com o relatório Q4 2024 PitchBook-NVCA Venture Monitor, empresas com pelo menos uma fundadora mulher representaram apenas 22,7% do total de negócios de Venture Capital (VC), uma queda de 1,9 pontos percentuais em relação ao ano anterior e o menor índice desde 2017. O cenário é ainda mais desafiador para startups fundadas exclusivamente por mulheres, que captaram apenas 2% do capital total investido em startups nos EUA em 2023. Esses números mostram uma retração no apoio financeiro a empreendimentos femininos, destacando a necessidade de iniciativas que promovam maior equidade de gênero no ecossistema de inovação.
Um dos principais fatores para essa redução está no declínio do financiamento de empresas em estágio inicial. Tradicionalmente, essa fase apresenta uma menor disparidade de gênero, pois conta com uma presença relativamente maior de investidores mulheres. No entanto, com o cenário econômico incerto, o volume de capital destinado a essas organizações diminuiu, dificultando o acesso ao dinheiro.
Além disso, o setor de VC tem demonstrado uma maior concentração de capital em empresas consideradas mais seguras, o que, na prática, beneficia startups de maior porte. Essas empresas, que já possuem um histórico de crescimento consolidado, costumam ser lideradas majoritariamente por homens, o que agrava ainda mais a desigualdade no acesso aos recursos. Esse comportamento mais conservador dos investidores reflete a aversão ao risco em tempos de incerteza econômica.
Para a co-fundadora da Divibank, Rebecca Fischer, o declínio do investimento em startups fundadas por mulheres não está apenas ligado à falta de mulheres em cargos decisórios em fundos de VC, até porque, analisando os dados, esse número provavelmente está mais alto do que nunca. "O fator determinante para essa queda é o contexto macroeconômico, uma vez que o 'inverno das startups', a alta dos juros nos EUA e a crise econômica tornaram o cenário mais adverso para o empreendedorismo feminino. Em um ambiente de maior incerteza, elas estão menos propensas a assumir riscos, como deixar cargos estáveis em empresas como Google ou Meta, que oferecem segurança e benefícios, para embarcar em um negócio próprio", diz.
A queda no financiamento para negócios femininos acontece em um momento em que o setor vinha demonstrando avanços em diversidade nos últimos anos. A falta de suporte financeiro pode desacelerar a inovação liderada por elas e, consequentemente, limitar o crescimento de negócios que poderiam trazer novas perspectivas ao mercado. E a ausência de diversidade entre investidores também impacta as decisões de financiamento, perpetuando desafios que dificultam a equidade no ecossistema de startups.