Hoje protagonista no mercado de mobilidade, a Samsung passou os primeiros anos tentando convencer consumidores de que seus produtos com o sistema operacional Android, do Google, eram tão bons ou até melhores que os da arquirrival Apple. A estratégia foi bem-sucedida, tanto que as duas companhias disputam atualmente as primeiras posições nas vendas de smartphones e tablets, segundo medições de consultorias como Gartner e IDC. Agora, a fabricante coreana volta suas baterias para o BlackBerry, da Reseach In Motion (RIM), smartphone que, apesar da queda nas vendas, ainda desfruta de grande credibilidade, principalmente no mercado corporativo, devido a segurança na integração com redes privadas.
Além disso, Nos Estados Unidos, a Samsung começa a divulgar campanhas publicitárias massivas, nas quais ataca com humor não mais a Apple, mas o BlackBerry. Conforme informa o The Wall Street Journal, a Samsung está levando representantes a CIOs de grandes corporações e agências governamentais para demonstrar como seus dispositivos são tão seguros quanto o BlackBerry. Nos últimos meses, os esforços se concentraram na contratação de dúzias de executivos e vendedores de companhias rivais e de empresas de segurança móvel, somado a investimentos em pequenas empresas de segurança, de dados e de mobilidade.
Tim Wagner, vice-presidente para vendas corporativas da Samsung, é uma dessas contratações. Ele saiu da RIM em 2010 para trabalhar com a fabricante coreana focado em contratos empresariais. Alguns deles, firmados nos EUA, são com a American Arlines, a empresa de destinação de resíduos Waste Management e a companhia de tecnologia médica Boston Scientific.
Segundo a IDC, 50% dos celulares embarcados com fins corporativos no ano passado foram iPhones. A Samsung respondeu por 16% das remessas de aparelhos, enquanto a RIM, dominante neste mercado há três anos, viu sua participação cair para 10% no ano passado. Recentemente, a RIM abandonou seu nome para adotar a marca de seu principal produto, parte de reorganização que visa recuperar o espaço perdido no mercado de mobilidade.
Diferentemente da Apple, que ainda é novata no segmento empresarial, a BlackBerry possui uma grande base instalada de aparelhos corporativos. Esses clientes são altamente preocupados com segurança ou interrupções do serviço, bem como com os custos na compra de hardware. Nesse último quesito, a canadense perdeu espaço para o fenômeno BYOD (sigla em inglês para “traga seu próprio dispositivo”), marcando o movimento de uso de aparelhos pessoais no trabalho e redução no investimento com aparelhos.
Para o analista da Detwiler Fenton, Jeff Johnston, a Samsung está num ponto do negócio no qual pode começar a atuar agressivamente para tentar abocanhar uma fatia da Blackberry. “Sem dúvida, eles veem uma fragilidade e vão se aproveitar disso”, afirmou o especialista ao jornal. Ainda assim, o maior desafio é o convencer os clientes. O Android é utilizado por diversos fabricantes e, por ser ter código aberto, levanta questões sobre a facilidade de invasões a sistemas por meiro de aparelhos. Além disso, existe uma crença de que estes dispositivos com Android são mais suscetíveis a bugs.
Para mitigar esses pontos fracos, a Samsung passou a oferecer um software próprio de segurança, o Safe, sigla em inglês para “Samsung para Empresas”. Além disso, contratou especialistas de segurança da BlackBerry e cientistas de organizações de mobilidade e risco. A estratégia é se aproximar de grandes agências do governo e divulgar os contratos. Em parceria com a General Dynamics, empresa de defesa, ela negocia um contrato com a Agência de Sistemas de Informação do Pentágono envolvendo produtos da linha Galaxy. Em breve, essas movimentações da Samsung no mercado corporativo devem começar a ficar mais evidentes.