O mercado brasileiro de TI deve crescer 14,5% e atingir a receita de US$ 18,6 bilhões (em dólares constantes) neste ano, segundo os dados consolidados do Brazil Spending Patterns: The Brazil Black Book, que a IDC acaba de concluir, referente ao último trimestre de 2006. No ano passado o mercado movimentou um total de investimentos de US$ 16,2 bilhões, alta de 12,8% sobre 2005. A maioria dos gastos foi proveniente de serviços, segmento que já representa 40% do total de investimentos, o que indica mais maturidade do mercado.
O estudo dimensiona os mercados de hardware, software e serviços de TI no Brasil, divididos por categorias e com as projeções para os próximos cinco anos. Ele reúne num único documento as análises dos gastos com hardware, em que entram servidores high-end, servidores midrange, servidores de volume, computadores pessoais, workstations, storage (disco e tape), impressoras e equipamentos multifuncionais, handhelds e equipamentos de rede; e software, focando em sistemas de infra-estrutura, desenvolvimento de aplicações e aplicativos; e em serviços, com planejamento, implementação, suporte, operações, treinamento e educação.
?Com o Black Book é possível ter uma radiografia completa do mercado brasileiro de tecnologia da informação. A partir dos dados de crescimento de cada mercado, os players podem medir as oportunidades de negócios, estabelecer suas estratégias de operação e, inclusive, ter a percepção do próprio share em seu segmento de atuação, entre outras informações?, explica Emerson Gibin, gerente do Grupo Central de Pesquisas da IDC América Latina.
Para Gibin, na verdade, o cruzamento das informações com as provenientes do mesmo estudo realizado em outros países fornece a real percepção dos mercados em suas diferentes fases de amadurecimento. ?As análises do Brasil, por exemplo, indicam que o país está há anos na fase intermediária, entretanto à frente de outros mercados considerados emergentes.?
Sobre os investimentos realizados nos mercados do BRIC é interessante a comparação com os do Brasil. De acordo com o Black Book da China, que é considerada a 4ª maior economia do mundo, apesar de seu crescimento em TI no ano passado ser pouco acima do obtido pelo Brasil ? aumentou 15,7%, o valor total de seus investimentos girou em torno de US$ 38 bilhões. Lá, serviços representam apenas 16% do total dos investimentos.
Já a Índia, que junto com a China está em primeiro lugar no foco de investimentos mundiais nos chamados países Bric, que além do Brasil incluem a Rússia, a Índia e a China, obteve 30,5% de crescimento nos gastos com tecnologia e o movimento total de US$ 13,6 bilhões. Para se ter uma idéia, serviços na Índia rrepresentam 26% do total da receita com TI.
?TI no Brasil está mais madura que nos outros mercados dos Bric, porém crescendo a taxas menores. China e Índia possuem mercados gigantescos, com muita produção local, o que lhes abre um campo enorme para exportar. O crescimento rápido da Índia, por exemplo, que está investindo muito na exportação de serviços, especialmente de offshore e outsourcing, nos leva a acreditar que em 2010 irá equipar-se ao mercado brasileiro de TI?, explica Gibin.
O Brasil também está a passos mais largos com os investimentos em computadores. Para este ano, a expectativa da IDC é de um crescimento de mais de 16% no valor obtido com as compras de PCs. Na Índia, que vem investindo bastante em educação, esse crescimento é previsto em 19,5%, enquanto que na China será pouco mais que 13%.
Gibin credita esse bom desempenho do Brasil ao aumento na produção das marcas nacionais de PCs e a conseqüente política agressiva de preços para driblar a concorrência com os fabricantes internacionais. ?Iniciativas do governo, se bem dirigidas, podem elevar ainda mais as taxas de crescimento.?