O novo estudo Cars Online Report, realizado com de mais de 8 mil consumidores em oito mercados-chaves – entre eles o Brasil com 1.005 entrevistados – pela Capgemini revela que mais de um terço dos compradores de carros (34%) consideram os serviços de compartilhamento de viagens e de transportes solicitados por dispositivos móveis como uma alternativa à posse de automóveis.
Enquanto as vendas de veículos novos continuam a crescer significativamente, os novos dados apurados pela Capgemini apontam uma mudança na estratégia dos principais fabricantes, que já estão investindo em serviços de compartilhamento de veículos por meio de lançamentos, aquisições ou parcerias, para se adaptarem ao comportamento em constante mudança dos clientes.
No entanto, a 17a edição do Cars Online Report, da Capgemini, chamada de Beyond the Car, ainda traz boas notícias para os tradicionais vendedores de automóveis, face ao crescimento explosivo do compartilhamento de viagens e corridas por aplicativos.
Mais da metade dos entrevistados consideram que serviços como o uso colaborativo de veículos e o compartilhamento de viagens, oferecidos por empresas como o Uber, 99 e o BlaBlaCar são complementares à compra de um carro novo (56%). E caso uma das gigantes de tecnologia, como Google ou Apple, lançasse um carro, a maioria dos brasileiros trocaria sua marca atual pela novidade – algo como 76% dos respondentes manifestaram esse desejo.
Além disso, o percentual daqueles que veem serviços de mobilidade como complementares à compra de um automóvel aumenta quando se olha para os clientes mais jovens, com idades entre 18 e 34 anos (64%), ou para aqueles baseados em mercados emergentes como China (77%) e Índia (63%).
A importância dos investimentos dos principais fabricantes nos sistemas de partilha de veículos é confirmada pelo fato de que dois terços dos consumidores (66%) declararam que as marcas de automóveis são um fator relevante na escolha do programa de compartilhamento, o que também é um indicador importante para o ciclo de vendas de carros novos.
O estudo também concluiu que:
• Características de condução autônomas continuam a ser um argumento de vendas significativo para os consumidores. Com a funcionalidade de condução assistida tornando-se padrão em modelos de carros convencionais e a divulgação regular de relatórios de novos testes de veículos autônomos, 81% dos entrevistados estão dispostos a pagar mais para obterem recursos de condução autônoma.
• A cibersegurança agora emerge como um fator-chave na aquisição de automóveis. Em 2015, um terço dos entrevistados se mostrava preocupado com a segurança cibernética. Com o crescimento dos casos de hackeamento em plataformas automotivas, os clientes passaram a exigir dos fabricantes a garantia de que os veículos são seguros, com mais de dois terços dos compradores de carros (68%) afirmando que a "resiliência cibernética" de um automóvel influenciaria sua decisão de compra.
• O interesse do consumidor em comprar carros de marcas de tecnologia está aumentando, apesar da falta de substância. Após meses e meses da circulação dos rumores de que o Google ou a Apple poderiam vir a lançar carros, a partir do estudo realizado em 2015 (49%), temos visto o aumento do interesse dos consumidores em comprar automóveis de empresas de tecnologia, agora com bem mais da metade dos entrevistados (57%) abertos a adquirirem um veículo desse tipo de companhia.
• A confiança dos consumidores em veículos autônomos é dividida entre fabricantes consagrados e novos. Visto que as empresas de tecnologia têm conduzido muitos dos exercícios de testes públicos para veículos autônomos, algo como metade dos consumidores (51%) ainda confia mais nos tradicionais fabricantes de automóveis produzindo um carro com capacidades autônomas, em detrimento de uma empresa de tecnologia se arriscando nessa seara.
• As preocupações com a privacidade de dados estão diminuindo à medida que os consumidores adotam o modelo de dispositivo conectado. A familiaridade com dispositivos conectados e o compromisso entre o compartilhamento de dados, a maior personalização e a prestação de melhores serviços estão mudando as atitudes dos consumidores em relação aos carros conectados. Afinal, a maioria dos clientes estará disposta a abrir os dados do seu veículo (89%) e os do condutor (76%) enquanto o carro estivesse ligado. Em termos de comparação, no estudo de 2015, 80% dos entrevistados afirmaram estar dispostos a partilhar dados livremente ou com certas restrições, enfatizando a persistente disposição dos consumidores em compartilhar informações.
• A demanda por showrooms digitais está desafiando o modelo tradicional de vendas. Não existem dúvidas quanto a influência do contínuo interesse do consumidor por tecnologias de ruptura e nos lançamentos de showrooms virtuais de grandes fabricantes, os clientes estão exigindo métodos alternativos para encontrar informações por meio dos fabricantes de equipamentos originais (OEMs) e revendedores, tais como apresentações de veículos em realidade virtual (62%), bate-papos ao vivo (43%) e vídeo blogs dos clientes (36%).