A Associação Brasileira de Crédito Digital considera esgotado o modelo tradicional de sistema financeiro concentrado em poucas instituições está chegando ao esgotamento no mundo todo. Segundo a instituição, no Brasil, as ineficiências desse modelo, somadas a fatores como insegurança jurídica e custo país, encarecem demais o crédito e estimulam o aumento da inadimplência, que atinge mais de 60% da população economicamente ativa.
O Manifesto
A Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD) – fundada em 2016 com o objetivo de estimular o desenvolvimento do mercado de crédito e de trazer mais competitividade ao setor financeiro – alerta para a urgência de se corrigir essa situação. E se manifesta a favor da regulamentação do Open Banking como uma das soluções para esse cenário.
O Brasil tem a segunda maior taxa de juros reais do mundo. Os bancos argumentam que os juros são altos porque a inadimplência é elevada. Independentemente da causa dessa situação, é necessário substituir com urgência esse modelo, que pune o bom pagador com juros altos para compensar o prejuízo causado pelo mau pagador, e abrir espaço para novos players que ampliarão a competição.
A ABCD defende – e trabalha – por uma solução capaz de enfrentar a concentração, estimular a concorrência e baixar os juros reais. E acredita que um passo importante para incentivar a concorrência foi a regulamentação das fintechs de crédito pelo Banco Central, ocorrida em abril de 2018. Outra iniciativa relevante foi o anúncio, no final do ano passado, da proposta do Banco Central para regulamentação do Open Banking no Brasil.
A ABCD dá seu total apoio a essa iniciativa. E vem dialogando com todos os setores interessados, e com o próprio governo, com o objetivo de definir um modelo de Open Banking muito simples, online, em tempo real e gratuito.
Na visão da ABCD, o Open Banking beneficia a população, o mercado de crédito e a economia.
Os consumidores, porque podem usufruir de substancial redução das taxas de juros, ter acesso a maior limite de crédito, ampla variedade de competidores e produtos, maior agilidade e menor custo nas operações financeiras.
O mercado de crédito, pela inclusão de mais de 60 milhões de pessoas desbancarizadas.
A economia e o país, porque um mercado de crédito vigoroso é um dos pilares do desenvolvimento econômico.
A sociedade, porque verá reduzidos os imensos prejuízos psicossociais da inadimplência que geram uma marca negativa para a imagem do país.
O Open Banking muda a forma como as pessoas utilizam serviços financeiros. A ideia central é que os dados bancários pertencem aos clientes, e não aos bancos, e assim podem ser compartilhados com outras empresas, como as fintechs, sem comprometer a privacidade e a segurança dos cidadãos.
O correntista pode manter sua conta no banco do qual já é cliente, mas optar pelo cartão de crédito de outra instituição, ou buscar financiamento junto a quem oferecer as melhores taxas, ou ainda usar os serviços de um terceiro para análise de sua movimentação financeira e auxílio na programação das datas de compras, pagamentos ou aplicações.
É como se o mercado financeiro fosse um supermercado, onde as pessoas entram com seu carrinho e escolhem nas prateleiras os produtos da marca, preço e qualidade de sua preferência. Mais competição equivale a mais eficiência, maior variedade de produtos e melhor experiência do consumidor – que não precisa apresentar documentos com firma reconhecida, ou provar sua capacidade de pagamento ou idoneidade. Todas as operações são realizadas por meio de aplicativos instalados no smartphone. Sem sair de casa ou do trabalho, a pessoa pode usufruir dos principais benefícios do Open Banking.
Não por acaso, o Open Banking já é realidade na União Europeia, na Inglaterra e no Canadá. E está em fase de regulamentação em diversos outros países, como Austrália, México e Singapura.
Por tudo isso, a ABCD manifesta seu apoio irrestrito à iniciativa do Banco Central de regulamentar o Open Banking no Brasil. E ainda incentiva todos os que atuam nesse mercado a se posicionarem favoravelmente a essa inovação.