A Huawei não toca espontaneamente no assunto, mas continua garantindo que toda a polêmica com as críticas do governo norte-americano a respeito de um suposto envolvimento do governo chinês, que usaria backdoors em equipamentos para espionagem, já é página virada. Backdoors (ou portas dos fundos, em tradução livre) são dispositivos que executam comandos não autorizados em servidores.
A fornecedora não apenas nega veementemente, como também afirma que tem visto "oportunidades" como consequência do episódio de vazamento de informações por parte do ex-colaborador da agência de segurança norte-americana (NSA), Edward Snowden.
"Trouxe muitas oportunidades. A gente respondeu muitos questionamentos, desenvolvendo ações na Europa para mostrar que não havia fundamento, então criamos laboratórios para mostrar isso", declara uma fonte ligada à empresa que não quis se identificar. "Hoje tem mais espaço para a Huawei, e nos Estados Unidos tem devices, enquanto no Canadá há rede de acesso", diz.
Segundo o presidente da divisão de enterprise da Huawei, Lida Yan, houve aumento de 80% no desempenho da Huawei fora da China, embora não tenha estabelecido com o que comparava e nem o período exato. "Estamos satisfeitos", respondeu, lacônico, durante coletiva de imprensa. "Temos um cliente que provê serviços de buscas, como o Google, mas mais profissional, e é o que mais cresce na Europa", complementou depois, referindo-se ao gigante chinês da internet, o Baidu.
Na época das críticas mais severas, o governo norte-americano chegou a colocar a fornecedora chinesa na lista de empresas com as quais não aconselhava ter como parceiras de negócio nos Estados Unidos. A alegação era justamente de que haveria um backdoor nos equipamentos, o que acabou se provando no contrário: os produtos dos EUA é que possuíam tal porta para realizar o monitoramento em massa, conforme denunciou Snowden. De qualquer forma, a companhia caiu no escrutínio da desconfiança, mas garante já ter dado a volta por cima. O diretor de marketing da Huawei para o Brasil, Rômulo Horta, reitera a posição da companhia. "A Huawei sempre coopera muito (com auditorias e investigações), investimos muito em segurança da informação", garantiu.
*O jornalista viajou a Pequim a convite da Huawei.