Criptomoedas e Brasil: o que esperar dessa relação nos próximos anos?

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O brasileiro tem uma relação complexa com o dinheiro. Décadas e décadas de crises econômicas, instabilidades políticas, inflação alta e renda baixa fizeram com que a maioria da população nacional desenvolvesse certa resistência a qualquer inovação ou mudança na área. Afinal, via de regra, sempre que surgia alguém com esse discurso, perdíamos o suado dinheiro conquistado com nosso trabalho. Mas veio a transformação digital e, com ela, certa estabilidade na economia. Assim, há uma geração inteira que perdeu o medo e começa a abraçar novidades nessa área – o que impulsiona as criptomoedas no país.

Para se ter uma ideia, estima-se que 5 milhões de brasileiros já possuem algum criptoativo atualmente. É o mesmo número de pessoas físicas que operam na bolsa de valores. Mas enquanto o universo cripto levou pouco mais de cinco anos para chegar a esse número, o mercado de ações levou cinco décadas. Esse volume tende a aumentar nos próximos meses, uma vez que a pesquisa realizada pela Sherlock Communications indica que um quarto da população nacional adulta espera investir em criptomoedas nos próximos meses. Como se vê, é um mundo em expansão.

A trajetória dos criptoativos no Brasil seguiu o mesmo padrão em relação ao resto do mundo, ainda que com certo atraso. Até pouco tempo atrás os tokens e as moedas digitais eram marginalizados, normalmente associados a crimes cibernéticos e lavagem de dinheiro. Havia a ideia de que se tratava de algo restrito e até mesmo ilegal. Evidentemente, essa visão deturpada foi dando lugar à descoberta das vantagens que esse universo pode trazer não apenas para os consumidores, mas principalmente para as empresas. Assim, observa-se um crescimento grande na adoção, implementação e, claro, utilização das criptomoedas.

Hoje, por exemplo, observa-se um número maior de empresas que disponibilizam esses ativos em suas transações e um maior interesse das pessoas em descobrir mais sobre esse universo. O próprio Banco Central já estuda a criação de um "Real Digital" para servir como alternativa aos usuários. É nesse estágio que o país se encontra atualmente em relação ao segmento das moedas digitais.

Assim, o primeiro desafio é continuar popularizando-o para que se torne algo corriqueiro para todos – até mesmo aqueles que ainda são reticentes com as soluções tecnológicas. Para isso, é essencial inseri-lo como forma de pagamento nas compras do dia a dia, reforçando a praticidade, agilidade e até a economia que proporciona. Se mantiver apenas como ativo de investimento, muitas pessoas continuarão sem acesso prático a ele.

Outro desafio que emerge com o avanço das criptomoedas é a necessidade de regulação jurídica para seu uso. A principal diferença delas para as moedas fiduciárias tradicionais é justamente a descentralização, ou seja, não estão vinculadas a nenhuma autoridade financeira. Mas isso não impede o país de estimular um debate público e formular um marco legal justamente para proteger as partes durante as negociações.

Não se trata de regular o valor da moeda, mas sim de criar mecanismos que inibem a ação maliciosa de criminosos que aproveitam das vantagens dos criptoativos para cometerem crimes. Já há projetos de lei que tramitam no Congresso Federal com essa proposta – e cabe ao setor como um todo participar e levantar ideias e temas.

Os brasileiros estão começando a desenvolver uma relação saudável com as criptomoedas e o próprio dinheiro como um todo. É missão de todos os players assegurarem que esse movimento vai continuar nos próximos anos. Com segurança jurídica e pleno uso, as moedas digitais representarão o futuro que a grande maioria da população sempre desejou. Ou seja, uma moeda forte, eficiente, segura, ágil e que potencializa o orçamento familiar, seja como meio de pagamento ou fonte de investimento. É um cenário em que todas as partes só têm a ganhar.

Rubens Neistein, Business Manager da CoinPayments.

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