Da previsão de caixa ao Pix Automático: a revolução do Open Finance no Brasil

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Neste mês, o Open Finance completa quatro anos de operação no Brasil — um ciclo que começou como uma promessa de transformação e hoje é uma realidade consolidada. Mais de 60 milhões de brasileiros já autorizaram o compartilhamento de seus dados financeiros, e o país tornou-se um dos protagonistas globais dessa evolução. No entanto, para além dos dados estatísticos e dos avanços regulatórios, o que realmente importa é como esse movimento está remodelando, na prática, a maneira como as empresas lidam com suas finanças.

O que começou como um projeto de abertura bancária vem se revelando na prática como uma nova forma de pensar a gestão financeira. A principal mudança não está nas tecnologias em si, mas na lógica com que as empresas passaram a estruturar seus fluxos e decisões. Ao conectar dados em tempo real, automatizar processos e eliminar barreiras entre instituições, o Open Finance está transformando tesourarias antes analógicas em áreas estratégicas, capazes de atuar com mais precisão, agilidade e inteligência.

Essa transformação é visível em várias frentes. Um dos exemplos mais evidentes é a forma como as empresas passaram a projetar e acompanhar seu caixa. Antes, era comum que grandes companhias operassem com relatórios defasados, atualizados manualmente e sujeitos a erro. Agora, com ferramentas que centralizam extratos bancários e expõem informações por meio de APIs, como o BankManager, essa rotina ganhou mais velocidade e confiabilidade.

Outro ponto importante é o avanço da cobrança recorrente. Modelos de negócio baseados em mensalidade — como escolas, academias e serviços por assinatura — sempre enfrentaram desafios relacionados à inadimplência e à dependência de boletos bancários. Com a chegada do Pix Automático, prevista para meados de junho, esse panorama começa a mudar de forma estrutural. A possibilidade de realizar débitos previamente autorizados elimina a fricção do processo de pagamento e promete reduzir significativamente os índices de atraso.

Mas os benefícios não se restringem à relação com o cliente final. O Open Finance também está mudando a maneira como as empresas interagem com suas redes de fornecedores e instituições financeiras. No contexto do supply chain, por exemplo, soluções como o Painel Fornecedor vêm permitindo que a antecipação de recebíveis, antes um processo burocrático e pouco transparente, se torne mais ágil e previsível. Com dados conectados e comunicação estruturada entre as partes, o financiamento da cadeia de suprimentos ganha tração e contribui para a saúde financeira de toda a operação.

Por fim, o setor também se prepara para mais um avanço relevante: a Jornada Sem Redirecionamento. A nova funcionalidade, esperada ainda para este ano, permitirá que pagamentos sejam autorizados diretamente dentro do ambiente digital das empresas, sem que o cliente precise sair do site ou app em que está. Essa mudança deve impulsionar especialmente os negócios com alto volume de transações, como e-commerces e marketplaces, já que reduz etapas, melhora a conversão e proporciona uma experiência mais fluida ao usuário.

Olhando para trás, os últimos quatro anos deixaram claro que o Open Finance não é sobre um conjunto de APIs, mas sim uma transformação de mentalidade — de sair de um modelo reativo para um modelo proativo, baseado em dados e integração. Empresas que entenderam isso saíram na frente e conseguiram automatizar rotinas críticas, reduzir riscos e se tornar mais eficientes.

À medida que novas funcionalidades entram em cena — como o agendamento recorrente, a portabilidade de crédito e as autorizações em tempo real —, a capacidade de adaptação torna-se ainda mais crucial. O desafio das organizações, portanto, não é meramente técnico. É estratégico. Envolve repensar processos, treinar equipes e, sobretudo, tomar decisões orientadas por dados. O futuro das finanças corporativas já começou e está mais conectado, transparente e dinâmico do que nunca.

Ori Brandão, Diretor Comercial & Marketing da Finnet.

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