Teles e TVs debatem a convergência

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Quais os aspectos positivos e negativos da convergência? Com essa pergunta, o diretor de engenharia da Rede Globo, Fernando Bittencourt, abriu o painel da tarde no Congresso da SET.

Se para um fabricante como a Intel a convergência só tem aspectos positivos, por ampliar o mercado, como explicou o diretor da empresa Américo Tomé, para os prestadores de serviço a história é um pouco diferente.

"A convergência traz um complicador", relatou Virgílio Amaral, diretor de tecnologia da TVA. "São mais serviços, mais investimentos, é mais difícil de gerenciar e ainda confunde o usuário, que nem sempre entende tudo o que você oferece", completa. A motivação, por outro lado, é o aumento na receita média por usuário (ARPU). A TVA oferece em São Paulo serviços de TV a cabo analógico e digital, banda larga e telefonia IP.

Celular

Alberto Blanco, diretor da Oi (operadora celular da Telemar) concorda com Amaral, mas ressalta um aspecto positivo: "temos certeza de oferecer o que o usuário quer, que é um billing unificado e simplicidade na aquisição dos serviços (one-stop shopping)".

Para Luis Avelar, diretor de inovação da Vivo, os novos serviços devem ser vistos com cautela, pois não se pode fazer nada que prejudique o EBITDA das empresas. "Os business plans precisam de pelo menos três anos, e as coisas têm que ser muito bem testadas antes de ir ao ar", conta. Para ele, o "negativo" da convergência fica por conta da incerteza regulatória. Avelar, aliás, aproveitou a sessão para reiteradas vezes afirmar que uma regulação excessiva pode prejudicar o desenvolvimento de novos negócios.

O próprio Bittencourt se manifestou ao final, dizendo ser positivo para uma emissora a possibilidade de distribuir seus conteúdos por novos meios (Internet, celular). Mas concluiu com uma auto-ironia: "por outro lado, há dez anos só havia a TV aberta, éramos os únicos no mercado".

Conteúdo

Uma coisa é certa: tanto emissoras quanto operadoras de celular concordam que o conteúdo é determinante para o sucesso de um serviço. "Quando lançamos o Mundo Oi, o desafio não foi achar um terminal de baixo custo, mas sim o conteúdo. Uma vez que o usuário tem acesso, ele fica 'viciado', não quer mais ficar sem", conta Blanco.

Avelar vai na mesma linha: "quando lançamos o Vivo ao Vivo, há três anos, a ARPU destes usuários subiu 50%. Hoje temos 4 milhões de downloads por trimestre e isso cresce 10% ao mês", contou o executivo.

Isto trouxe à tona o debate sobre as transmissões de TV pelo celular, assunto sobre o qual emissoras e teles se desentenderam no passado, mas que hoje já tem alguns caminhos traçados.

Para Avelar, o mercado de TV no celular não concorre com o broadcast, porque é uma TV customizada, on-demand, em que o assinante paga pelo sinal e não vai assistir por horas seguidas. O executivo afirmou que a Vivo vai testar no Brasil a plataforma MediaFLO, da Qualcomm, que permite que o assinante assista vídeos no celular segundo uma programação definida por ele próprio. E mais uma vez aproveitou para alfinetar: "Se a regulamentação proibir isto, está deixando o Brasil para trás".

Já Bittencourt, da Globo, vislumbra outro cenário, em que os sinais estarão abertos no ar para livre recepção, e afirmou que as teles não se recusarão a subsidiar os terminais capacitados a recebê-los. "Quando nosso sinal estiver no ar, os fabricantes vão querer vender os aparelhos para receber, e todos (os operadores) vão querer entrar junto", afirmou.

3G e WiMax

Quanto às novas gerações de rede wireless, a Oi diz não ter pressa. "O GSM já atende bem e ainda não há escala para baratear os serviços de 3G (terceira geração)", conta Blanco.

A TVA acredita em um modelo de mobilidade usando a tecnologia WiMax, que já vem testando e pretende implantar a partir de 2006. "Pelo roadmap da Intel, todos os aparelhos (laptops, PDAs) em 2009 virão com chips para receber os sinais", conta Amaral.

Segundo ele, é aí que está a possibilidade de crescimento, porque hoje tanto operadoras de TV paga quanto de celular dependem de um modelo de subsídio dos terminais do assinante (handsets e set-tops), o que torna muito caro qualquer desenvolvimento tecnológico.

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