O número de conexões M2M móveis no Brasil totalizou 9,9 milhões no ano passado e a projeção é que atinja 32,5 milhões de conexões em 2019, o que, se confirmado, representará uma taxa de crescimento composto anual (CAGR, na sigla em inglês) de 27%. Os dados são de estudo da Frost & Sullivan, o qual mostra que o país hoje já responde por mais de 67% das conexões máquina a máquina da América Latina.
De acordo com a empresa de consultoria e pesquisa, a maior parte das conexões M2M atualmente estão concentradas em aplicações simples que se limitam aos serviços de conectividade de baixa receita média por usuário (Arpu, na sigla em inglês), como máquinas PoS (terminais para pagamento com cartões) e rastreamento de veículos. Mas a tendência é que aplicações mais avançadas de M2M ganhem destaque nos próximos anos.
"Com a introdução de serviços de pagamento por celular e outros meios de pagamento, os terminais PoS estão ficando um tanto superados e, ao mesmo tempo, começam a surgir aplicações mais sofisticadas sem intervenção humana", observa Georgia Jordan, analista sênior de indústria da Frost & Sullivan, que participou de painel no Fórum Mobile+, que acontece até esta quarta-feira, 23, no WTC, em São Paulo.
Entre as aplicações M2M com maior potencial de disseminação no Brasil, a analista cita smart grids (redes inteligentes de energia) e carros conectados. Segundo Georgia, as companhias de energia cada vez mais enfrentam o desafio de diminuir a perda de energia, melhor monitoramento e a clusterização do consumidor, bem como a infraestrutura, por isso necessitam de informações em tempo real sobre os clientes e rede, novas formas de medição e sistemas eficazes de gestão de energia, por isso estão investindo pesadamente na tecnologia.
De acordo com a analista da Frost & Sullivan, as oito empresas as que trabalham com smart grids no Brasil já investiram R$ 400 milhões. E a previsão é que esta cifra salte para algo em torno de US$ 30 bilhões a US$ 40 bilhões até 2020, quando deverão ter instalados cerca de 8 milhões de medidores inteligentes (smart meters).
Outro impulsionador da tecnologia M2M são os carros conectados, com recursos como mapas (GPS), sistemas de comunicações e de gerenciamento do veículo, além de iniciativas conjuntas com a gestão pública para "cidades inteligentes", soluções de backup para conexões de dados, entre outras.
Já entre os principais inibidores do avanço da tecnologia, o estudo aponta os tributos e taxas incidentes sobre os serviços M2M, baixo nível de padronização das comunicações e limitações das redes móveis. Para dar uma ideia disso, a consultoria fez uma comparação, com base nos números da Anatel, do impacto da desoneração do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel), sobre os serviços de M2M.
Aprovada em 2012, a isenção de pagamento do Fistel para as linhas de M2M entrou em vigor somente em setembro do ano passado, assim mesmo, limitada apenas às conexões "sem intervenção humana", chamadas M2M especial, que somam 21% das linhas. O estudo mostra que estes foram o serviços que mais cresceram, totalizando 2,4 milhões de linhas em julho deste ano, enquanto, enquanto o M2M padrão, como o PoS, que representa 79% das conexões, se manteve estável, com 8,7 milhões de linhas.