A difícil missão de gerir pessoas

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Com o turnover mais alto entre os setores profissionais, o mercado de tecnologia sofre com as constantes baixas. Se as mudanças de ares e os pedidos de demissões constantes atingem as grandes do setor, como a Amazon, o Google e a Microsoft, imagina o impacto que sentem as empresas de menor porte? 

Por estar diretamente relacionado à satisfação dos colaboradores, o índice de turnover é um dado de extrema importância para que os gestores possam identificar as falhas organizacionais que impactam significativamente no desempenho dos times, no alcance de resultados e, consequentemente, na escalada dos produtos e serviços. 

E embora não exista uma fórmula mágica, na área de tecnologia, começar pelo básico já é um grande diferencial. "Os gestores muitas vezes assumem essa função vindos de áreas extremamente técnicas, e por uma deficiência da maioria das empresas no mercado, que não possuem uma trilha de carreira técnica especializada capaz de sustentar o crescimento desses profissionais, acabam migrando para gestão de pessoas para seguir a evolução da sua carreira. São excelentes profissionais, especialistas em tecnologia e ágeis na hora de decifrar códigos e criar soluções para os mais diversos problemas, o que é muito importante para o dia a dia de um ambiente tão importante como o da tecnologia. Mas, diferente das linhas de códigos que possuem uma arquitetura lógica, e que respondem aos mesmos comandos de forma contínua, as pessoas precisam ser decifradas individualmente, e os mesmos estímulos, quando aplicados para pessoas diferentes, produzem resultados diferentes. É necessário ao gestor identificar os desejos, vontades e necessidades de cada membro do seu time, para que cada um deles seja correspondido dentro da sua individualidade, e cada pessoa se sinta única dentro da organização" – alerta Rodrigo Moraes, gestor de pessoas na área de tecnologia. 

Líder de uma equipe multidisciplinar, com profissionais de idades variadas, que começa na casa dos vinte e invade os quarentões, Rodrigo batalha para chegar ao fim de 2022 com um índice raro no setor, zero de turnover. Ciente de que as pessoas não pedem demissão do emprego, mas pedem demissão do chefe, Moraes revela que o diferencial para times engajados é fazer com que eles se sintam parte de um planejamento maior e não apenas uma peça na engrenagem da empresa. "Cada pessoa é uma pessoa, não podemos tratá-las em série. Cada uma está num momento diferente da vida, tenho na minha equipe, jovens de 20 anos solteiros que gostam de baladas, viajar, e ficar acordado até tarde, e também pessoas casadas, com filhos e, portanto, em outro momento da vida. Cada uma delas desejam coisas diferentes e respondem a estímulos diferentes. Querer enquadrá-las na mesma régua talvez seja o grande erro de gestão que a maior parte dos líderes cometem". 

Por fim, Rodrigo enxerga que o alto índice de demissões acontece principalmente por problemas na gestão e são ainda mais impactadas pela alta demanda de profissionais nesse mercado. "Embora 40 mil estudantes de tecnologia se formam por ano no Brasil, ainda faltam profissionais para ocupar todas as posições disponíveis. Isso inflou o mercado de tecnologia, forçando o aumento salarial da categoria. Mas, se a empresa pensa que apenas pagar altos salários resolverá o seu problema de turnover, ela está completamente enganada, é necessária uma gestão madura e humana, capaz de conduzir o time ao triunfo, compartilhando propósitos e desafios. O gestor precisa aprender a ler as pessoas do seu time individualmente, saber o que as motiva, como elas se sentem mais à vontade, qual a melhor forma de oferecer feedbacks, onde elas querem chegar e como nós podemos ajudar nisso, quais os seus desafios pessoais, entre tantas outras coisas. Para fazer a gestão de pessoas técnicas precisamos sim saber sobre tecnologia, aprender metodologias, organização, métricas, melhoria contínua, fluxo de entregas, etc. Mas podemos dar um tiro no próprio pé se pensarmos que gerir pessoas de tecnologia se resume apenas nisso" – finaliza.  

Rodrigo Moraes, tech manager no Will Bank.

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