Inovação sustentável é trend topic nas redes. Mas, o que isso significa?
A inovação sustentável é uma estratégia que faz parte de um contexto em que inovar é preciso, mas respeitar o meio ambiente, o social e a governança corporativa também. É um conceito que faz sentido para as organizações, mesmo que pareça um enorme desafio. Métodos inovadores inconsequentes, ou mesmo irresponsáveis, são ainda muito frequentes e devem ser repelidos a qualquer custo. Mas, como saber ou mensurar consequências ou impacto dos processos de inovação nas organizações?
A relação entre a inovação e a sustentabilidade é simbiótica e depende de um processo de construção consistente para que se garantam objetivos primários de uma organização moderna que, em nenhum momento, renuncie de seus objetivos de resultado e lucratividade, mas que não deixe de lado os requisitos da sua necessária contribuição no desenvolvimento ambiental, social e que respeite um modelo de governança transparente e eficaz.
Mas, os conceitos do ASG (Ambiental, Social e Governança da tradução da sigla em inglês ESG – Environmental, Social and Governance) não estão por trás exatamente do atendimento a estes requerimentos?
A resposta positiva a essa última pergunta nos leva à necessidade premente de endereçar uma resposta à primeira: para implantar em uma organização os conceitos do ASG que representem e realizem efetivamente os objetivos a que se propõem, e não simplesmente uma perspectiva de marketing que defina sua imagem de mercado – a chamada Governance Washing – , devemos construir um modelo que possa representar suas atividades desde o plano estratégico até a representação operacional, para que seja possível medir os impactos de cada ação em quaisquer eixos, seja ambiental, social ou da própria governança corporativa.
A adoção de práticas para o ASG se constitui, no final do dia, em um conjunto de processos de transformação não somente nos seus métodos de inovação, mas, principalmente, nos pontos onde estes tocam o ambiente legado e, obviamente, nos próprios processos de negócio já em prática. Quero dizer, não é admissível pensar que a inovação resolve o problema da sustentabilidade por si só. Isto é um equívoco grave. Uma organização média precisa integrar todas as perspectivas do negócio, seja daquilo que representa inovação, onde ela se integra com o ambiente existente e, principalmente, o legado que move a organização hoje. É como se fosse a construção de um modelo digital para a organização que reflita exatamente o seu comportamento. Esse conceito é chamado de Digital Twin (Gêmeo Digital).
É nesse momento em que é necessário fazer o matchmaking entre inovação e legado, cuja sustentabilidade é construída. E é nesses processos que a arquitetura empresarial pode ser a chave do sucesso.
Isto porque, ao entender os componentes subjacentes de um negócio – seus inter-relacionamentos, cadeias de valor, alinhamento e capacidades – a arquitetura empresarial descobre e identifica desalinhamento entre objetivos, táticas e estratégia, e é um ótimo ponto de partida para implementar um modelo de negócios alinhados aos objetivos da ASG por construção ou reconstrução.
Uma arquitetura construída ou reconstruída dessa maneira ajudará as organizações a avaliar sua posição ASG atual, informando eventuais não conformidades, onde elas ocorrem e quais as prioridades para a construção de um roteiro de inovação que, integrada à arquitetura legada, possa garantir a sustentabilidade almejada.
Inovação e sustentabilidade não se obtêm por acaso com discurso, mas desenvolvendo um projeto consistente, planejado e de médio para longo prazo.
Você conhece a arquitetura empresarial? O que está esperando para adota-la?
Enio Klein, influenciador e especialista em vendas, experiência do cliente e ambientes colaborativos com foco na melhoria do desempenho das empresas a partir do trabalho em equipe e colaboração. CEo da Doxa Advisers e professor de Pós-Graduação.
