Diante das perspectivas de regulamentação do mercado de mobile payment no Brasil, a Claro e o banco Bradesco anunciaram a criação da joint-venture Mobile Payment Operator (MPO) para centralizar as operações de pagamentos via celular das duas companhias. Trata-se de uma parceria similar àquela firmada no México entre Telcel e Citibank, batizada de Transfer, conforme adiantado por Mobile Time.
E tudo indica que o primeiro produto desta parceria esteja disponível ao mercado no final do primeiro trimestre de 2013. Trata-se de um cartão de débito pré-pago virtual co-branded, que permite o pagamento de contas, consulta de saldos, entre outros serviços de que um cliente teria numa conta poupança ou corrente convencional. Será o primeiro produto do gênero administrado via celular no Brasil: vale lembrar que Oi e TIM anunciaram planos semelhantes nos últimos meses, mas ainda não lançaram esse produto. No caso da Oi, o que existe por enquanto é um cartão de crédito co-branded com o Banco do Brasil que pode ser usado pelo celular, através da solução criada pela Paggo.
Segundo Marcelo de Araújo, diretor-executivo do Bradesco, a ideia é fisgar uma parcela da população que ainda não tem acesso a contas bancárias, os chamados desbancarizados. Hoje, aproximadamente 43 milhões de brasileiros, a maioria de classes sociais menos favorecidas financeiramente, encontram-se nesta situação. No entanto, boa parte destas pessoas sem acesso a banco possui um aparelho celular. “Temos uma teledensidade muito boa no mercado de telecomunicações e os celulares são o segundo item mais presente nos lares”.
O modelo de negócios escolhidos por ambas as empresas para o produto é a abertura de contas de registro, semelhantes às contas-salário e aos cartões pré-pagos usados comumente em viagens ao exterior. Porém, neste caso, quem vai administrar as contas é a Alelo (empresa do grupo Cielo para cartões pré-pagos como vale alimentação, por exemplo).
Araújo afirmou também que o projeto está pronto e consolidado, independentemente de o governo cumprir a promessa de criar uma regulamentação para os pagamentos móveis. Além disso, o executivo comentou que há um interesse muito forte por parte do Banco Central para fomentar este mercado. “A circulação do dinheiro em papel gera custos para a sociedade de aproximadamente 7% do PIB”.
Outro produto que deve ser disponibilizado em 2013 com esta parceria são as transações por aproximação do aparelho, permitidas pela tecnologia Near Field Communications (NFC). A expectativa das companhias é de que este serviço esteja disponível até o final do primeiro semestre de 2013 e que atenda a um publico de maior renda. A ideia é que os clientes que aderirem à tecnologia NFC possam fazer transações nas máquinas de POS da Cielo. Até o final deste ano, a adquirente de cartões pretende ter ao menos 300 mil máquinas com a função de pagamento sem contato.
O problema para a adoção em escala desta tecnologia é a falta de celulares com NFC. No portfólio da Claro, por exemplo, menos de 5% dos handsets possuem esta função. Para suavizar o problema, a tele já busca no mercado dispositivos móveis que possam se enquadrar nesta categoria.
Carlos Zenteno, presidente da Claro, comentou que a empresa estuda formas de massificar esta tecnologia. Entre as soluções que podem ser adotadas está o uso de chipsets já com NFC ou de stickers com a funcionalidade, que podem ser colados no dispositivo móvel. “Todas as formas são válidas, por isso temos conversado com fornecedores e pesquisado a melhor forma de aumentar o número de usuários”.
Rede
Do lado da Claro, que vai fornecer a logística do setor de telecomunicações e a capacidade de rede para as transações, Zenteno afirmou que não haverá impacto nas redes. “Temos capacidade e já suportamos operações semelhantes e outras aplicações que geram ainda mais tráfego”.