"Visite nosso showroom", "faça o teste por x dias para conhecer nosso produto" ou "vamos fazer uma prova de conceito por um mês para que você entenda do que nosso produto é capaz".
Ainda hoje, o conceito de demonstrações, testes de uso e aplicações de produtos e serviços é bastante restrito a existência de um local físico (como um showroom), ou o uso de um produto ou serviço por um determinado período para determinar a eficácia e validar se aquilo é exatamente o que o cliente está procurando ou mesmo se o produto, de fato, entrega o que propõe.
Na maioria das vezes isso implica em tempo, mão de obra, ou no mínimo o deslocamento de clientes, para que tudo seja realizado.
Porém, dentro do contexto de transformação digital e como ela pode mudar e inovar a forma como as atividades são realizadas e como problemas são resolvidos, já vemos avanços em diversas áreas que facilitam e dinamizam essas atividades já tão conhecidas e solidificadas no mercado, em clientes, parceiros e até dentro de estruturas organizacionais.
Um exemplo simples é a compra de um novo óculos. O processo padrão é se deslocar até uma loja, escolher modelos, testar cada um até que algum deste agrade o cliente e ele realize a transação e efetive a compra. Este é um bom exemplo, pois em uma situação comum, os clientes optam por esse processo para garantir que a compra será um sucesso, ao invés de realizá-la de forma online, com a chance de não gostar do produto quando em mãos.
Porém, com a chegada de novos desafios, vem se tornado cada vez mais comuns os chamados "try ons virtuais". Todo o processo de prova e ajuste dos óculos são feitos on-line, com ferramentas como realidade aumentada (que pode parecer coisa de filme, mas na prática pode significar um filtro de Instagram com diversos modelos de óculos, por exemplo). Para o cliente final significa reduzir o atrito para a realização da compra. Para a loja, além de aumentar a possibilidade de vendas, dependendo do seu segmento, pode significar uma redução significativa de tempo, esforço de vendas, e até mesmo de investimento, para a conversão de um cliente. Além de criar uma vantagem competitiva, comparando aos concorrentes.
A mesma ideia pode se aplicar no contexto de produtos e serviços digitais que interagem com elementos do mundo físico. Em um universo em que uma infinidade de fornecedores possui ofertas parecidas para soluções de segurança e em que os métodos mais comuns de demonstração são vídeos, muitas vezes gravados nas melhores condições (câmeras de alta qualidade, ângulo perfeito etc.) ou mesmo períodos de teste que envolvem tempo e esforço de instalação, configuração de câmeras, analíticos, ajustes técnicos, além de envolver contratos jurídicos de responsabilidade entre cliente e fornecedor.
Hoje, os modelos de apresentação e demonstração, que deveriam contribuir para que clientes escolhessem a melhor opção para seu caso; e para que fornecedores não gastassem tanto tempo e esforço para converter e trazer novos clientes, pode na verdade ser um grande gargalo no processo.
Nesse contexto, a transformação digital pode simplificar e agilizar processos, reduzir custos e oferecer novas possibilidades para clientes e fornecedores. Imagine uma demonstração em que um cliente utiliza a própria câmera do celular para testar um analítico de vídeo, abstraindo toda a necessidade de instalações, configurações e longos períodos de testes. Ele simplesmente abre um site, permite o acesso à câmera do dispositivo, e pode testar uma detecção de uso de máscara, por exemplo.
No campo da segurança, já é possível ver essas aplicações práticas em funcionamento nas por meio de links que permitem essa experiência. A barreira de atrito para o teste da suíte de soluções oferecidas cai à medida que o próprio cliente tem o controle de seus testes de validação. Isso significa menos custos operacionais – tanto do lado do cliente quanto do lado do fornecedor, menos tempo de conversão e mais confiança do cliente.
A transformação digital possibilita a facilidade de processos até então engessados, muitas vezes ineficientes. Trazer a inovação para novos campos é garantia de novos meios de receita, novas oportunidades de negócios e novos meios de conquistar novos clientes e novos mercados.
Natália Souza, analista de produtos na Avantia.