O ano de 2020 entrou para a história mundial por motivos nada gloriosos, mas, do ponto de vista tecnológico, podemos fazer uma retrospectiva diferente. O lock down em quase todos os cantos do mundo criaram o que a revista TIME chama de "o maior experimento de home-office do mundo". Esse fato estimulou uma quantidade imensa de investimentos em tecnologias como infraestrutura de VDI, ferramentas de colaboração, cibersegurança e comunicações por vídeo. Além disso, empresas no mundo inteiro pisaram fundo no acelerador e começaram a colocar em prática os planos de transformação digital para oferecer suporte às equipes remotas e atender os clientes.
A linha do tempo da tecnologia mostra que as disrupções sempre ocorrem quando a inovação dá um salto equivalente a um avanço dez vezes maior do que aquele determinado momento. E é exatamente isso que está prestes a acontecer nas comunicações com a chegada do 5G. Este não é apenas um meio de conexão entre dispositivos e torres de celular. Trata-se, principalmente, de como os dados irão se movimentar por toda a rede. O 5G vai exigir um aumento 10 vezes maior no desempenho da internet, e isso abrirá um universo de possibilidades para aplicações como realidade aumentada (RA) e realidade virtual (RV), além de outras aplicações que surgirão.
Essa disrupção não chega sozinha, e podemos esperar transformações também na construção dos softwares. Da mesma forma que houve a transição da indústria do mainframe para o modelo cliente-servidor e, em seguida, para as arquiteturas da web, o software também dará um salto quântico. Os desenvolvedores já estão construindo aplicações com mais velocidade para acompanhar o desenvolvimento de hardware que também está avançando rapidamente. E, se já estamos presenciando as inovações com computação na nuvem, contêineres e microsserviços, para o futuro próximo podemos esperar ainda mais novidades disruptivas.
Falando agora de hardware, as arquiteturas tradicionais de unidade central de processamento (CPU) chegaram ao limite há muitos anos, fazendo com que a indústria migrasse para as unidades de processamento gráfico (GPUs) para suportar aplicações que exigem mais desempenho. As GPUs são um exemplo de hardware dedicado que surgiu como solução para um problema, e esse é o tipo de transformação que veremos com mais frequência a partir de agora.
Além de estimular o desenvolvimento de software e hardware, o 5G vai revolucionar nossas rotinas e a forma como interagimos com nossos dispositivos. Capaz de trazer conceitos futurísticos para o dia a dia, o 5G vai impulsionar as iniciativas de inovação, como IoT, cidades inteligentes, carros autônomos, automação industrial e o setor da saúde. Um estudo da IHS Markit prevê que em 2035 a tecnologia seja capaz de atingir a marca de 13,2 trilhões de dólares em produção econômica global. E com esse boom de avanços, é alta a probabilidade desse valor ser superado até lá.
A IoT, por exemplo, com bilhões de dispositivos físicos conectados à internet no mundo inteiro, deve se fortalecer no mercado com o 5G, que pode conectar esses dispositivos de forma muito mais fácil. O mesmo com os carros autônomos, que exigem uma rede robusta de sensores que transmitem informações de forma confiável para os veículos e para a rede.
A partir destes eventos, é preciso ter consciência e se preparar para lidar com muito mais dados. Esqueça o Big Data. O que está por vir é um volume imenso de dados que a mente humana não será capaz de compreender. A IDC prevê que, mundialmente, teremos 175 zetabytes em dados em 2025. Isso significa que os CIOs precisam rever rapidamente suas estratégias para evitar sérias implicações na infraestrutura de TI. Nesse momento, é fundamental compreender que manter uma infraestrutura onde os dados não podem ser acessados de forma simples e ágil não faz mais sentido algum. Isso porque, enquanto existirem silos técnicos entre diferentes ambientes, fica impossível obter uma experiência moderna na qual os dados são facilmente acessados, comutáveis e entregues em tempo real.
A situação global nos obrigou a antecipar planos e tomar rumos diferentes, e nos ensinou que mesmo em meio a tantas turbulências e incertezas, nos encontramos em uma imensa onda de inovação. O 5G chegará para impulsionar transformações ainda maiores em todos os aspectos de nossas vidas, e as empresas precisam garantir que suas infraestruturas sejam capazes de acompanhar esse avanço imenso que está por vir.
Paulo de Godoy, country manager da Pure Storage.
