Desde o lançamento de seu Guide to Greener Electronics, em que são listados os fabricantes de hardware que têm as políticas ecologicamente sustentáveis, o Greenpeace vem realizando campanhas para a redução do uso do plástico PVC e de bromados (BRFs – brominated flame-retardants) na fabricação de equipamentos eletrônicos.
No entanto, para o Instituto do PVC, organização privada que defende o uso do produto, essas campanhas devem ser vistas com desconfiança pela indústria, já que elas são "alarmista" e "alvo de lobby".
Segundo o presidente do Instituto do PVC, Miguel Bahiense, o PVC, por si só, não é prejudicial ao meio ambiente, mas na sua manipulação para o uso em diferentes processos industriais são usados aditivos químicos que, estes sim, podem conter substâncias tóxicas.
A diretiva para Restrição de Certas Substâncias Perigosas (RoHS, na sigla em inglês), elaborada por órgãos ambientais da União Europeia, na qual se baseia o ranking do Greenpeace, proíbe o uso de metais pesados, ainda que na aditivação do PVC, mas, de acordo com Bahiense, a indústria de PCs não usa mais esses produtos.
Ele conta que, por causa da diretiva RoHS, a indústria de eletrônicos parou de usar chumbo e cádmio, considerados metais pesados e extremamente prejudiciais ao meio ambiente, na manipulação do plástico os substituiu por cáclio-zinco, que não é proibido pelas autoridades europeias. Bahiense também explica que o PVC é usado apenas em fios e cabos de computadores, o que, no caso de notebooks e outros modelos compactos de PCs, são praticamente inexistentes. "Por isso, as críticas e campanhas do Greenpeace são sem sentido."
"Sinceramente não sei o motivo do Greenpeace reprovar tanto o uso do PVC nos eletrônicos. Não sei explicar se é desinformação ou preguiça de realmente ir atrás da informação, mas com certeza há algum interesse e é preciso ficar atento", alerta Bahiense. Segundo ele, reprovar o uso do plástico sob a alegação de que ele prejudica o meio ambiente "não tem a menor razão de ser" e caracteriza uma prática "alarmista", já que tudo depende da substância usada para aditivar o PVC durante os processos industriais.
Procurado pela reportagem de TI INSIDE Online para comentar as declarações, o Greenpeace declarou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a organização já não faz esse tipo de campanha no Brasil há muitos anos. No exterior, no entanto, a ONG continua realizando ações, como a que ocorreu recentemente contra a Dell na Índia e na Holanda, para que a fabricante de PCs cesse o uso do plástico PVC e bromados (BRFs, bromated flame-retardants) em seus computadores.
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