O conselho de administração da Atos Origin escapou por pouco, na quinta-feira (22/5), da investida dos fundos de investimentos estrangeiros Centauros Capital e Pardus Capital Management durante a reunião anual de acionistas da companhia francesa de serviços de TI, que querem substituir os membros do board. O britânico Centauros detém 10% do capital e o americano Pardus tem participação de 9,5% na empresa.
Os dois fundos se opõem à recuperação estratégia posta em prática pelo conselho no ano passado e agora querem nomear cinco novos diretores em substituição aos atuais. Além disso, o board recusou uma oferta de compra, mesmo com a situação financeira da empresa em dificuldades. Em função disso, desde o ano passado eles vêm pressionando a diretoria para que ocupem assentos no conselho de administração da Atos Origin e poder influir nas decisões que envolverem ofertas de compra à empresa.
?Ambos os fundos querem a Atos participando da consolidação do setor de serviços,? disse uma fonte próxima à empresa ao jornal britânico Financial Times. Segundo a mesma fonte, eles querem que o board considere todas as opções estratégicas e como acionistas também querem jogar um papel decisivo nesse processo.
Tudo começou com a declaração de Gerard Guerguerian, porta-voz dos empregados acionistas, que detêm 3% das ações, de que planejava votar contra a gestão atual e a favor dos fundos, o que levou Philippe Germond, CEO da empresa, a declarar nula e sem efeito a reunião após o anúncio do representante dos funcionários. Antes da declaração de Guerguerian, a votação parecia que seria equilibrada e tranqüila.
Germond, acusou o representante dos empregados de violar a confiança de seu mandato, enquanto o diretor financeiro da empresa e membros de confiança do conselho voltaram a trocar acusações.
Ele foi chamado novamente para a reunião e, após 20 minutos, o board voltou a anunciar que a sessão seria adiada até que o porta-voz dos empregados acionistas renovasse o mandato atual em todas as resoluções.
Os dois fundos, entretanto, acusaram o conselho de administração da Atos de desempenhar uma gestão dirigida por golpes. Em um esforço para convencer os acionistas rebeldes contra a decisão do conselho, Bernard Oppetit, presidente da Centaurus, tomou o microfone para declarar que Guerguerian tinha decidido votar de acordo com os fundos. Mas ele foi vaiado por uma multidão hostil.
"Nós queremos agora uma solução de compromisso, pois ela tem sido lamentável", afirmou Alain Messenger, que havia participado da reunião para apoiar Germond contra a Centaurus e Pardus.
"Esta alegação é simplesmente odiosas. A Atos não tem a gestão que precisa", rebateu Gregoire Cottaris, outro acionista, que se dirigiu para a saída da sala, juntamente com dezenas de investidores irritados.
A maioria dos trabalhadores presentes à reunião se recusou a comentar o ocorrido. No entanto, segundo contou um dos participantes ao jornal britânico, eles estavam longe de ser hostis às exigências dos fundos de ter representação no board.
Agora os acionistas esperam que a Atos convoque outra reunião nas duas primeiras semanas de junho, porém a Centaurus e a Pardo já disseram que pretendem ingressar com uma ação judicial para forçar a realização da reunião ainda este mês.