5G está se movendo para o mercado corporativo – e todos têm a ganhar com isso

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No início de 2023 os analistas de tecnologia já percebiam que a evolução do 5G estava se estendendo do ambiente de macrocélulas para implantações mais especializadas e dedicadas de sistemas de antenas distribuídas (DAS) em grandes locais públicos. Estádios, arenas e até hubs de transporte eram (e são) um ajuste natural para as capacidades do 5G de gerenciar demandas extremamente altas e fornecer conexões seguras em pontos de venda e validação de ingressos, por exemplo.

Hoje, nos Estados Unidos, as principais operadoras de redes de telefonia celular estão avançando rapidamente em suas implantações de 5G em arenas esportivas e outros grandes locais em que se realizam eventos, promovendo suas capacidades para um público ávido por multimídia. Iniciativas semelhantes estão acontecendo na Europa, no Oriente Médio e na Ásia.

Agora, a questão é esta: o que acontecerá com a tecnologia 5G até o final de 2024? Minha expectativa é de que o 5G continuará a se infiltrar no mundo corporativo para assumir um papel ainda maior, a fim de de atender às necessidades de conectividade empresarial. Como ocorreu nos grandes locais públicos, a disponibilidade do 5G será um catalisador da evolução dos modelos de negócio das operadoras de redes móveis (MNOs).

Convergência pelos números: receita e custos

Para fazer mais, as redes empresariais devem se tornar mais ágeis em todos os sentidos. Convergência é a palavra-chave do momento, mas não se trata de um conceito único e simples. Pode ser aplicado a várias implementações orientadas por casos de negócios, mas, seja uma rede convergente 5G/Wi-Fi, seja um O-RAN e DAS/small cells convergentes ou uma rede pública e privada convergente, em cada caso, para as MNOs, trata-se de simplificar a arquitetura e monetizar seus serviços.

Primeiro, vamos olhar as oportunidades de receita. As redes 5G em empresas B2B representam uma oportunidade-chave para as MNOs monetizarem ofertas de rede convergentes. Uma pesquisa recente conduzida pela GSMA revelou que 83% dos diretores executivos de operadoras veem seus clientes empresariais e governamentais como as principais fontes de receita para implantações de 5G.

A mesma pesquisa mostrou que quase dois terços das MNOs consideram as redes sem fio privadas uma parte importante de sua estratégia empresarial. Mesmo sem desconsiderar o grande interesse do consumidor em serviços impulsionados pelo 5G para aplicações como jogos, o setor B2B é claramente a maior oportunidade de 5G para MNOs em 2024, impulsionando a tecnologia em ambientes fechados por meio de redes públicas e privadas.

Existem muitas razões para esse interesse no espaço empresarial, e aqui estão algumas de particular relevância:

Serviços empresariais escaláveis significam que MNOs e MVNOs (operadora móveis virtuais) podem vender hoje uma rede 5G local para telefonia e expandir seu valor mais tarde. Uma vez feito o investimento na implantação, as empresas podem evoluir para adotar esses serviços  de uma forma mais palatável, baseado em OpEx.

Opções de preços premium baseadas nos níveis de serviço 5G – começando com cobertura 5G básica e expandindo a capacidade em largura de banda de forma mais intensiva  para multimídia ou VR/AR conforme necessário – permitem que as MNOs aloquem maior largura de banda 5G para empresas que estão dispostas a pagar por isso. Eles podem até dar às empresas controle interno sobre aplicações sensíveis de rede privada.

IoT e outros serviços de valor agregado representam novas oportunidades de receita para redes convergentes que integram redes de TI e OT, gerenciadas centralmente pelo MNO por meio de uma relação de rede como serviço (NaaS). Tais relacionamentos são duráveis — uma vez iniciados, tendem a persistir e crescer, e a receita de longo prazo pode crescer com eles.

Em segundo lugar, vamos considerar como é possível reduzir custos. As MNOs estão cada vez mais aptas a transferir os custos totais ou parciais da implantação de redes 5G para as empresas que atendem, ampliando o fluxo de receita além do gerado pelo tráfego. Avanços recentes tornaram esse modelo de negócios ainda mais atraente devido às múltiplas eficiências que proporcionam:

As redes convergentes estão ficando mais simples à medida que integram várias redes sem fio em serviços unificados ou até mesmo virtualizados. Isso significa menos infraestrutura geral, menos trabalho e menor necessidade de expertise para implantar essa infraestrutura, mais oportunidades para otimização, monitoramento e gerenciamento remotos e, em redes totalmente digitais, pode significar a eliminação de até 90% dos requisitos de energia e espaço.

A flexibilidade do O-RAN significa que tanto MNOs quanto redes neutras podem oferecer redes empresariais 5G seguras e escaláveis a um custo substancialmente menor. A interoperabilidade de rede CU/DU do O-RAN pode se integrar a um DAS compatível com O-RAN totalmente digital ou a redes de small cells por meio de combinações de componentes de fornecedores mais adequados ao ambiente empresarial específico. Além disso, como a tecnologia O-RAN envolve uma cadeia de fornecimento diversificada, é resistente a gargalos e variações de preços.

Implantações multi-MNO mais rápidas também se tornam possíveis por meio de O-RAN. A conectividade MNO padronizada e pré-integrada permite que as empresas integrem MNOs mais rapidamente. E como tudo é 100% digital, as operadoras de telefonia móvel ganham a flexibilidade de poder aproveitar de forma intercambiável o espectro licenciado, o espectro privado ou até o sliced spectrum como uma oportunidade de monetização.

Também vale a pena notar que muitos desses fatores de redução de custos oferecem um benefício secundário significativo no perfil de sustentabilidade da rede empresarial, pois requerem menos material, energia e refrigeração do que redes analógicas mais antigas. Esta dimensão verde pode adicionar mais profundidade a uma oferta de produto já forte, já que muitas empresas mantêm compromissos públicos de buscar práticas sustentáveis. O benefício real por caso é determinado por um grande número de fatores únicos à implantação, mas quase sempre há um argumento de sustentabilidade a ser feito.

O que as empresas querem – e esperam – das redes 5G convergentes

A capacidade, a baixa latência e a alta segurança do 5G são vantagens-chave em várias categorias operacionais, entre as quais voz e vídeo, conectividade de dispositivos IoT e muito mais. As empresas podem aproveitar o próximo nível de redes locaisconvergentes para trazer o 5G para as suas instalações, mas em contrapartida esperam simplicidade de operação e o  mínimo de infraestrutura.

Enquanto as aplicações são tão diversas quanto as empresas que as utilizam, uma expectativa comum que MNOs e MVNOs s encontrarão com cada vez mais regularidade é a necessidade de simplicidade e a baixa intervenção na operação. As empresas que investem na implantação dessas redes não querem dobrar as despesas ao contratar mais TI para gerenciá-las.

Para as operadoras, é aqui que suas próprias marcas, NaaS e ofertas de analíticos podem ajudar a colocar as redes 5G convergentes de volta à mesa para aquelas empresas que, de outra forma não estariam dispostas a arcar com o custo total de propriedade que acompanha uma rede, que é capaz de revolucionar o negócio.

2024 é o ano do 5G empresarial

A onda do 5G continua a rolar. Neste ano, a tecnologia estará tanto em um escritório e no varejo como em um local de fabricação perto de você. MNOs estão prestes a surfar uma onda de interesse empresarial em redes 5G convergentes. Tal como a atual leva de implantações 5G em grandes locais públicos, o mercado corporativo representado pela categoria empresarial diversificada está se revelando como uma oportunidade chave, mesmo em regiões com economia mais restritiva.

As empresas precisam de conectividade mais forte e flexível entre funcionários, clientes, dispositivos e aplicativos. DAS compatíveis com O-RAN e small cell entregam tudo isso, juntamente com um portfólio de produtos altamente diversificado e resistente a interrupções de mercado. As operadoras de telefonia móvel têm muito a ganhar, porque os custos de implantação são suportados pelas empresas em maior grau do que em locais públicos, as oportunidades de upsell são muitas e variadas e os modelos de negócios NaaS remotos criam fluxos de receita confiáveis e de longo prazo à medida que entregam mais valor aos clientes corporativos.

Upendra Pingle, vice-presidente de redes celulares inteligentes da CommScope.

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