A Embraer adotou o SQL Anywhere da Sybase como gerenciador de banco de dados da engenharia de ensaios de vôo. "A engenharia de ensaios de vôo é responsável por realizar testes em protótipos de aeronaves para assegurar que o produto final atenda às especificações dos clientes e da nossa engenharia e, principalmente, aos requisitos de segurança" diz Sérgio Duarte Penna, engenheiro de sistemas informatizados da Embraer.
Os testes, segundo ele, são necessários para que uma nova família de jatos seja aprovada pelo órgão certificador de cada país. Somente após a certificação é que os aviões da Embraer podem ser vendidos e operados nesses países.
Por isso, quando surge uma nova família de aviões, a engenharia de ensaios de vôo tem de realizar centenas de testes no Brasil e no exterior. Em cada teste, milhares de parâmetros tais como altitude, velocidade e temperatura são medidos e analisados por uma equipe de engenheiros de modo a atender os exigentes requisitos de certificação.
As aeronaves são testadas no Brasil, mas também enfrentam o frio extremo do Alasca, as grandes altitudes da Bolívia e os ventos cruzados da Patagônia. Além de suportar os rigores do clima, as aeronaves também devem demonstrar compatibilidade com os sofisticados equipamentos dos aeroportos da Europa e dos Estados Unidos. A campanha completa chega a durar um pouco mais de um ano, com ensaios sendo realizados várias vezes ao dia, em alguns casos usando duas ou mais aeronaves simultaneamente.
Além dos ensaios de certificação, há também os vôos de produção nos quais cada aeronave recém-fabricada é testada em pleno vôo, antes de ser entregue ao cliente. A engenharia de ensaios de vôo também realiza testes visando o desenvolvimento de novas características das aeronaves. Nesses vôos, é possível confirmar, na prática, as condições definidas teoricamente durante o projeto e a fabricação dos jatos.
Para auxiliar nessa grande tarefa, a equipe de engenheiros depende da tecnologia da informação. ?O apoio computacional aos ensaios de vôo na Embraer começou em 1983 ainda com minicomputadores Digital Equipment Corporation (DEC) e em 1989 com o banco de dados da fabricante, o RDB. Com a venda da DEC, resolvemos migrar para a plataforma Windows/Intel e, em 2000, passamos a buscar uma base de dados para essa plataforma. Como usamos o RDB da DEC por muitos anos, sabíamos bem o que queríamos. Entre outras coisas, precisávamos de uma base que funcionasse em cluster. Por indicação de um colega, decidimos conhecer o Sybase SQL Anywhere?, conta Penna.
Apesar do Anywhere ser uma plataforma para dispositivos móveis, a Embraer decidiu adotá-lo para os ensaios em vôo em uma arquitetura de três camadas.
?Outras soluções foram testadas, mas o Sybase Anywhere foi escolhido, entre outras coisas, porque atende ao requisito de funcionamento em cluster, permite criar tabelas auto-relacionadas e tem excelente custo-benefício?, conta Antonio Magno Lima Espeschit, engenheiro de sistemas informatizados da Embraer. ?O que me chamou a atenção foi o desempenho do banco que é estupendo. Mesmo as queries mais complexas são resolvidas quase instantaneamente. O banco retorna tão rápido e é tão estável que não nos preocupamos com ele?, diz. Ele reconhece que o trabalho do DBA na área de ensaios de vôo da Embraer não é de tunning, mas de evangelizador, por exemplo, explicando aos demais usuários como fazer queries melhores etc.
Espeschit explica que o CTA (Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial), que é o órgão certificador no Brasil, exige que a Embraer guarde a configuração de cada aeronave em cada ensaio. "É necessário saber o estado de milhares de parâmetros em centenas de vôos e em dezenas de protótipos e tudo isso fica armazenado no SQL Anywhere.?
Para acessar essas e outras informações obtidas nos ensaios, a Embraer criou um portal web que atende a uma comunidade de milhares de engenheiros da companhia. ?Ao todo, temos mais de 5 mil usuários cadastrados e dois milhões de páginas visualizadas por mês?, descreve Espeschit.
Cada ensaio é preparado com muitas horas, às vezes dias, de antecedência. A aeronave e seus sistemas devem estar corretamente configurados e calibrados e todas as alterações têm de ser rastreáveis. ?Levamos a bordo computadores capazes de suportar as extremas condições do ensaio (frio, grandes acelerações etc.) e capazes de armazenar a enorme massa de dados coletada pelos sensores. Ao chegar em terra, descarregamos as informações na base e rapidamente todos têm acesso aos resultados, seja no Brasil, EUA, França, China ou qualquer outra subsidiária da empresa?, detalha Penna.