Após um primeiro semestre acima das expectativas, quando a receita registrou alta de 18%, e o otimismo crescente para a segunda metade do ano, a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônico (Abinee) projeta que o setor eletroeletrônico deve contabilizar receita de R$ 128 bilhões no ano, o que, se confirmado, representará um crescimento de 14% ante os US$ 112 bilhões de 2009.
A previsão anterior da entidade era de expansão de 12%, com faturamento de R$ 125 bilhões. Este é o terceiro aumeno de projeção feito pela Abinee, que estimava alta de 11%, entre o fim de 2009 e início de 2010.
Caso se confirme, o resultado deste ano superará em 3,9% o desempenho de 2008, quando a indústria eletroeletrônica registrou receita de US$ 123,1 bilhões. Apenas para o setor de informática, a previsão é que encerre o ano com faturamento de R$ 40,57 bilhões, alta de 15% ante 2009.
"Tínhamos dúvidas sobre como seria o panorama deste ano. Por esse motivo, fizemos projeções mais cautelosas e as fomos revendo ao longo do ano, de acordo com o desempenho do setor", afirmou Humberto Barbato, presidente da Abinee. Este cenário seria considerado bastante animador por muitos setores da economia brasileira, entretanto Barbato faz questão de ressaltar que ele não é tão fantástico quanto parece.
O executivo explica dois pontos para justificar essa visão. O primeiro é que a comparação é prejudicada, já que o ano passado o setor foi afetado pela crise financeira mundial. O outro aspecto é que o avanço esteve calcado principalmente no aumento das importações, o que agrava o processo de desindustrialização do setor eletroeletrônico nacional.
Somente no primeiro semestre, as importações do setor foram 50% superiores, contra um crescimento de apenas 5% das exportações. Para o ano, a Abinee projeta um aumento de 40% nas importações, totalizando US$ 35 bilhões, enquanto as exportações devem se manter no mesmo patamar de 2009, em cerca de US$ 7,5 bilhões. Com isso, é esperado um déficit de US$ 27,5 bilhões na balança comercial no setor, número 57% superior ao saldo negativo registrado no ano passado.
"Esse crescimento do faturamento não é tão fantástico assim. A valorização do real frente ao dólar está resultando em impactos muito negativos para certos segmentos da indústria eletroeletrônica", analisa Barbato, frisando que, por outro lado, outros setores são beneficiados com o dólar baixo, como é o caso do segmento de informática.
Para amenizar os efeitos do câmbio, a Abinee apresentou ao ministro da Fazenda Guido Mantega uma série de medidas que compensem os problemas oriundos da questão da valorização do real frente ao dólar.
- Perspectiva