O executivo-chefe (CEO) da HP, Leo Apotheker, disse que a empresa está começando uma "transformação necessária" para melhor competir no setor de tecnologia. A declaração foi feita ao justificar a separação (spin-off) da divisão de PCs da empresa. Em entrevista ao The Wall Street Journal, o executivo afirma que a operação, somada à compra da empresa britânica de software Autonomy por US$ 10 bilhões, já faz parte do passado.
Apotheker passou a segunda-feira, 22, explicando as mudanças para os acionistas e garantindo que haverá valorização das ações da HP, após a queda de 20% registrada com a divulgação das novas diretrizes da empresa. De acordo com o CEO, não é possível manter os investimentos na fabricação de PCs e, ao mesmo tempo, promover mudanças estruturais no restante da companhia – por isso a área foi separada. "A produção de dispositivos para atender a demanda dos consumidores requer investimento e os ciclos de renovação dos produtos estão muito mais rápidos que as circunstâncias da empresa", afirmou.
A unidade de PCs da HP teve receita de US$ 40,1 bilhões e US$ 2 bilhões de lucro operacional no último ano fiscal. "Como uma empresa independente, a unidade pode investir em seu próprio futuro", defendeu Apotheker. O executivo acredita que o valor oferecido pela Autonomy é "um preço justo", mesmo com a desenvolvedora de software tendo registrado menos de US$ 1 bilhão de receita anual.
Com a aquisição, a venda de software deve responder por 8% da receita da HP até 2015 – estimativa que já considera a separação da unidade de PCs. Hoje, a área de software representa apenas 3% da receita anual de US$ 126 bilhões.
Alguns analistas e investidores ouvidos pelo jornal americano acreditam que a HP está oferecendo muito mais que o valor real da Autonomy, e não descartam uma possível escassez de dinheiro em caixa para continuar suas operações. Apotheker argumenta que a empresa irá permitir à HP adentrar em uma tecnologia de última geração. Ele sustenta que são muitas as áreas internas da empresa que precisam de mais investimentos, como o gerenciamento de data centers e outras tarefas de back-office para grandes empresas.
A HP passou a considerar o spin-off no início do ano, após uma série de revisões nos investimento da companhia. Não que a ideia de lançar tablets e smartphones para competir com a Apple tenha sido mal recebida – o plano de marketing recebeu elogios do board da empresa. O desempenjo desses produtos, entretanto, deixou muito a desejar, além de terem sido passados para trás pela concorrência. E isso aconteceu apenas seis semanas após os produtos chegarem ao mercado.
Executivos da empresa veem as mudanças promovidas por Apotheker de maneira positiva, citando que empresas já mostraram que é preciso mudar para crescer e inovar. Os acionistas, no entanto, se mantêm cautelosos. A aposta do CEO é tamanha que adianta que ele próprio planeja investir na empresa. "As ações estão ridiculamente baratas, vou comprá-las na primeira oportunidade", finalizou.
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