O PIX tem pouco mais de dois anos e meio e a disrupção que ele promoveu no mercado financeiro brasileiro é medida agora, em tempo real, com impactos surpreendentes em números: o PIX já é o principal meio de pagamento atualmente no país, com mais de 150 milhões de usuários, que movimentaram mais de R$ 1,3 trilhão no mês de junho de 2023.
Agora, na mesma trilha de inovação do PIX, o DREX aparece como uma nova peça no tabuleiro do mercado financeiro de pagamentos. A rede do Real Digital trará a facilidade de pagamentos programáveis com a possibilidade de automação, internacionalização e previsibilidade para todos os agentes envolvidos com uma transação. Mais uma vez a inovação está colocando o Brasil na vanguarda do sistema financeiro internacional.
Empresas de tecnologia que nasceram e cresceram com a missão de desenvolver ferramentas para acelerar o ambiente financeiro veem um cenário de grande crescimento com o DREX, em especial aquelas que já são participantes eficientes do arranjo do PIX. Para explicar melhor o que isso significa, precisamos lembrar não apenas dos números do PIX, mas também do que ele causou no mercado.
Em linha com as necessidades de casos de usos modernos, envolvendo transações massificadas a baixo custo, o PIX viabilizou negócios que antes não eram viáveis, o que impedia o surgimento de novos modelos econômicos e a inovação nas formas de se transacionar. Um bom exemplo é o transporte por veículo particular, que se transformou profundamente, iniciando com a aceitação do cartão e, depois, o PIX. Hoje, o PIX é o segundo meio de pagamento mais usado nos apps de transporte.
Os provedores de serviços de pagamento (PSPs) com capacidade de entregar o PIX com as mesmas qualidades e confiabilidade conquistadas há décadas pelo cartão de crédito – prontidão e disponibilidade imediata de recursos – fazem parte de um seleto e novo mundo tecnológico.
Tais PSPs estão à frente da evolução do setor de pagamentos, que pode ser comparada a outras que já revolucionaram, por exemplo, os mercados de música, com plataformas como Spotify e Deezer, e de hospedagem, com serviços de reserva em hotéis ou aluguel de imóveis para temporadas.
Nesta transformação em curso no mercado financeiro, a forte adesão pelos usuários, o volume altíssimo de transações (cerca de 3,3 bilhões ao mês) e a implementação periódica de novas modalidades (como PIX Garantido e Parcelado) exigem cada vez mais soluções com alta capacidade de execução, de velocidade e de escalabilidade.
O próprio Banco Central passou a exigir mais dos participantes ao proibir a terceirização do PIX, uma espécie de shadow banking que ocorria quando um agente não habilitado no PIX oferecia o pagamento instantâneo diretamente a um cliente. A medida deu mais transparência e segurança ao sistema, e também gerou maior conscientização do uso da ferramenta por provedores de serviço e usuários finais.
Tenho visto que fintechs que criaram suas plataformas com tecnologia de ponta, gestão voltada para a excelência e a automação de processos e cultura interna voltada para adaptação rápida e segura às mudanças saíram na frente, pois têm em sua essência os mesmos atributos que fazem do PIX um grande sucesso.
Provedores de solução financeira que não se modernizaram, mas apenas digitalizaram os seus processos antigos, raramente chegam a ter a mesma escalabilidade, tempo de reação organizacional e flexibilidade e, por consequência, podem acabar ficando para trás das suas concorrentes que nasceram e cresceram de olho no futuro.
Há evidências a respeito das deficiências tecnológicas entre os participantes menos preparados. O Índice de Qualidade de Serviços do PIX, do Bacen, avalia que apenas 14% dos participantes do arranjo conseguem nota máxima, prestando um serviço sem atrasos ou rejeições de pagamentos.
Toda a nossa experiência com o PIX nos serve de alerta para o que está por vir com o DREX, uma rede escalável de soluções automatizadas, que entregará imediatez, segurança e proteção na movimentação de recursos no país. Mas, agora, com uma abrangência de mercados servidos desde o varejo até o atacado institucional.
Entendemos que ter a capacidade de programar e automatizar o fluxo financeiro e de informações virou questão de sobrevivência no setor em que atuamos. E o provedor de soluções que tenha a capacidade de gestão inteligente e automatizada de transações, escalabilidade para altos volumes e familiaridade com o mercado local fará a diferença para os clientes.
Para nós, que há 8 anos desenvolvemos os próximos passos da indústria financeira local e agora estamos expandindo internacionalmente, fica a boa sensação de estarmos no rumo certo, e a animação com o que vem chegando por aí, como o DREX. Continuaremos incansáveis por muitos anos, contribuindo cada vez mais profundamente para a transformação digital, levando simplicidade aos nossos clientes e dando-lhes acesso ao que há de mais moderno no mercado brasileiro e mundial.
Otávio Farah, CEO e sócio-fundador do FitBank.