O movimento ESG (Ambiental, Social e de Governança) tem ganhado destaque nas grandes empresas, nas bolsas de valores e nos índices de sustentabilidade em todo o mundo. No entanto, um desafio persiste: como capacitar os pequenos e médios empreendedores brasileiros nesse campo complexo?
Os micro, pequenos e médios empreendedores brasileiros enfrentam muitos mitos e falta de compreensão sobre o que é ESG, além da dúvida sobre sua adaptação para empresas de menor porte, uma vez que a maioria associa ESG a grandes corporações e a conclusão principal é que o primeiro desafio está no desafio de superar a falta de conhecimento sobre o assunto.
Claudia Coser, CEO da Plataforma Nobis e autoridade em ESG, com experiência na área de educação executiva para estratégias de inovação, governança de redes e sustentabilidade, enfatiza a importância de focar nos pequenos e médios empreendedores, pois eles representam 99% de todos os CNPJs no Brasil, e 55% do total de empregos no Brasil.
"Grandes empresas podem ter um impacto significativo com suas ações ESG, mas não devemos subestimar o potencial de transformação que os pequenos negócios podem ter quando se tornam mais sustentáveis", destaca.
Para a especialista, superar essa lacuna de conhecimento é essencial para acompanhar o novo momento mundial. No entanto, introduzir as estratégias ESG nas PMEs não parece ser uma tarefa fácil, é preciso ter capilaridade. Em parceria com o Sebrae, Claudia Coser, da Plataforma Nobis disponibiliza a Rota, que visa qualificar lideranças por meio de workshop prático adaptado ao contexto desses negócios, e estará disponível para mais de 4.000 municípios de todo o Brasil.
"É muito importante que o pequeno empresário, independente do setor de atuação, seja impactado por propostas de desenvolvimento sustentável", destaca Julio Cezar Agostini, coordenador Nacional do Polo de Liderança Sebrae.
O programa piloto foi realizado em setembro deste ano e reuniu empreendedores de áreas como estética pet, construção civil e outros setores em Curitiba (PR). Os resultados foram positivos, com os participantes demonstrando sensibilidade para questões ambientais e sociais, mesmo que não as associassem anteriormente ao ESG.
"O assunto chamou a nossa atenção para a preocupação do que fazer, não só pelo meio ambiente, mas pelas pessoas, pelos animais e população em geral, do que eu posso implantar no dia a dia, usar melhor os recursos, desocupar e dar destinação aos descartáveis, inclusive pequenas atividades, mas que nós conseguimos fazer", comenta Valdenice Pereira, empresária do ramo PET há 16 anos, participante da turma de testes.
A ideia central da rota é a adequação às necessidades específicas de pequenas e médias empresas, onde a especialista Claudia Coser atua na adaptação da linguagem e criação de conteúdos e práticas para atender a esse público, contribuindo com material didático e roteiro de formação.
Recursos e apoio para MPEs
O programa será implementado nos demais estados brasileiros onde o Sebrae está presente a partir de 2024.
"Isso envolverá a capacitação de instrutores do Sebrae em todo o país, para que eles possam transmitir o conhecimento ESG de maneira eficaz aos empreendedores locais. Essa iniciativa alinha-se com o apoio crescente aos negócios locais e ao empreendedorismo, à medida que os consumidores buscam empresas sustentáveis", adianta Agostini.
O programa ainda oferece recursos digitais, como vídeos informativos, para tornar o acesso ao conhecimento mais amplo e inclusivo. "Por meio da Rota ESG, líderes de diversos setores estão sendo capacitados para liderar a mudança, introduzindo também as estratégias ESG em suas operações e ajudando a moldar um futuro empresarial mais sustentável para o Brasil", acrescenta Agostini.
Para Claudia Coser, a iniciativa representa um passo importante na construção de um ecossistema empresarial mais consciente e responsável. "A união de forças com o Sebrae mostra o papel essencial dessas organizações na condução da transformação do negócio do pequeno empreendedor", finaliza.