"Temos uma grande oportunidade de construir aplicativos para o lançamento da Chrome Webstore no Brasil, vamos?" – nos disse Terence Reis (@Teco), na sala de reunião .Mobi há alguns meses atrás. Por não comandar diretamente a equipe de desenvolvimento de aplicativos Android, logo pensei: "Porque estou aqui?". Aprendi em poucos segundos a não subestimar o avanço tecnológico multi-thread da gigante de buscas (e de energia solar, como saberemos em alguns poucos anos). A partir daquele dia tínhamos a missão de reunir as principais empresas de conteúdo online do país para abastecer, substancialmente, a loja brasileira de aplicativos do Google Chrome – http://chrome.google.com/webstore/
Apesar de conhecer bem o navegador – o adotei há uns 3 anos e não larguei mais – confesso que era falha minha concepção sobre "aplicativos que rodam no Chrome". Seriam como os add-ons para o Firefox? Seriam apenas bookmarks para sites? De que maneira se encaixa com minha conta no Android Market (nenhuma.)? Qual tecnologia devemos usar?
Mas antes de entender como funciona um aplicativo para o Chrome, é preciso saber "porque" você precisa de aplicativos para o Chrome. A resposta é: Chrome OS. Pois é, o Google fechou parceria com alguns fabricantes, como a Samsung, para produzir notebooks com o Sistema Operacional Chrome (Chrome OS) – mais ou menos como fez com a HTC há alguns anos pra lançar o Android. Pra quem ainda não conhece o ChromeBook, não se surpreenda quando ligá-lo e ver "apenas" o Chrome. Sim, o navegador.
Então imagine-se usando um notebook que rode apenas o Chrome, nada mais. Para não ser apenas mais um netbook fraquinho e sem recursos, o ChromeBook deve oferecer aplicativos inteligentes para atender às necessidades de seus usuários. Conceitualmente (e apenas isso) você não precisará mais de um Windows ou Linux ou MacOS rodando o Chrome – mas sim, apenas o próprio Chrome.
Na minha humilde opinião (IMHO), isso não vai mudar a forma como nós lidamos com sistemas operacionais e softwares, mas deve preencher uma enorme lacuna da inclusão digital nos próximos anos – coisa que os netbooks (fraquinhos e sem recursos) começaram a fazer há algum tempo.
Os Chrome Apps, segundo os próprios engenheiros do Google, são: One task oriented HTML5 apps. Baseados sempre na mais recente versão do Webkit, o Chrome é o navegador que mais permite o uso dos recursos nativos do HTML5. Tais aplicativos podem ser:
1. Hosted – são aqueles que apontam para um site hospedado. Praticamente um "bookmark" no Chrome.
É um aplicativo, ainda assim? Sim e não. Sim porque pelo menos a referência dele está instalada no seu Chrome. Não se formos considerar que não estamos utilizando 100% dos recursos oferecidos pelo ecossistema, como LocalStorage (como o nome diz, armazenamento no navegador, até 5MB) para utilização do aplicativo mesmo sem conexão de internet.
2. Installable – são meus preferidos.
Por que? Porque demonstra claramente o conceito de aplicativo. Ou seja, você de fato instala os arquivos no seu computador, dentro do Chrome. Ao ponto que, quando você acessa o aplicativo, não aparece nenhuma URL/endereço na barra do navegador. Você não está acessando um site em algum servidor, mas sim o aplicativo ali instalado (que por sua vez, sim, pode consultar dados remotamente, via Ajax, Proxy, WebSocket, etc.)
3. Extension – são meus segundo favoritos.
Também é instalado no Chrome e, ao invés de ocupar uma janela inteira, é utilizado para funcionalidades "menores", visualmente falando. São aqueles ícones que ficam ao lado da barra de endereço, lembrando um pouco a época das "barras de pesquisa" instaladas no IE.
Nossa missão foi construir os aplicativos utilizando ao máximo os recursos nativos do HTML5 e CSS3, instaláveis onde possível e, ao mesmo tempo, tendo que entregar o conteúdo dos parceiros – notícias, rádios online, programa de fidelidade, e-commerce, previsão de tempo, índices financeiros, entre outros.
A curva de aprendizado começou dentro da nossa equipe – excepcional, por sinal – e se estendeu ao parceiros, que também precisaram ser orientados quanto ao novo conceito de aplicativos para Chrome.
Ao mesmo tempo que recebíamos orientação da turma de Palo Alto – special thanks to Boris Smus – sobre objetivos do Google, tecnologias previstas, tecnologias depreciadas, etc; também conversávamos com nossos parceiros sobre a substancial, mas quase discreta, diferença entre um aplicativo para o Chrome e um novo site.
Como resultado vejo uma equipe aprimorada, vejo um posicionamento estratégico forte da nossa empresa, vejo parceiros vislumbrando novos meios de atingir seu público e, principalmente (pra mim) vejo uma nova onda de tecnologia, pra todos os tipos de aparelhos de celular, TV, computador, set-top box, geladeira, carro, qualquer coisa: o HTML5.
Muito mais do que a Sun propôs com o Java há alguns anos, como linguagem cross-plataforma, o HTML5 é uma linguagem cross-interface.
Marco Lonzetti, diiretor de Produtos Grupo.Mobi @mlonzetti.