O futuro do trabalho chegou ou voltamos para a estaca zero?

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Nos últimos anos, o mundo do trabalho passou por uma revolução silenciosa que foi acelerada pela pandemia. O trabalho remoto e flexível se tornou uma realidade para muitos profissionais em todo o mundo, trazendo consigo uma série de mudanças e desafios. No entanto, a pergunta que persiste é: o futuro do trabalho chegou de vez ou estamos voltando para a estaca zero?

Recentemente, 22 empresas no Brasil se inscreveram no programa "4-Day Week" e começaram a testar um novo sistema de trabalho que envolve uma semana laboral de apenas quatro dias e neste ano já está em operação a segunda-fase deste programa, que envolve colocar em prática a execução desta nova forma de trabalhar nas empresas. Essa iniciativa teve início na Nova Zelândia em 2019 e se espalhou por diversos países, um exemplo das novas abordagens que as empresas estão adotando para se adaptarem ao cenário em constante evolução.

Um estudo realizado pela Owl Labs em 2023 analisou dados de mais de 10.000 trabalhadores remotos em todo o mundo e revelou que esses profissionais estão mais produtivos, satisfeitos com sua vida profissional e pessoal e menos propensos a deixar seus empregos em comparação aos trabalhadores que atuam presencialmente em escritórios físicos. Além disso, a Global Workplace Analytics constatou que as empresas com políticas de trabalho remoto flexíveis têm uma taxa de rotatividade de funcionários 25% menor do que aquelas com políticas restritivas.

O modelo remoto foi potencializado após a pandemia e o processo nos mostrou que é possível equilibrar o jeito de trabalhar, dando um ponto de equilíbrio na vida das pessoas. A consultoria Gartner já prevê que até 2025, 70% dos funcionários trabalharão em um modelo híbrido, combinando trabalho presencial e remoto. A Deloitte descobriu que 70% dos trabalhadores desejam a oportunidade de trabalhar remotamente pelo menos metade do tempo, e mais recentemente o próprio LinkedIn revelou que 69% dos trabalhadores acreditam que o trabalho remoto será norma no futuro.

Esses números e pesquisas indicam que o trabalho remoto e flexível tem o potencial de trazer muitos benefícios para trabalhadores e empresas, incluindo aumento da produtividade, retenção de talentos, além da economia de custos – a McKinsey estimou que até 2030 a economia para as empresas com o trabalho remoto pode atingir US? 1,3 trilhão. Ou seja, os dados mostram que o trabalho remoto é benéfico tanto para os trabalhadores como para as empresas e de até 2030 essa modalidade de trabalho deve crescer.

Mas ainda há resistência a adoção do trabalho remoto ainda é um obstáculo significativo em muitos setores, assim como líderes empresariais influentes como Elon Musk da Tesla e SpaceX, Jamie Dimon do JPMorgan Chase e Jeff Bezos da Amazon, têm expressado opiniões contundentes contra o trabalho remoto. Além disso, muitas empresas estão enfrentando desafios ao tentar implementar o trabalho remoto devido à natureza de suas atividades ou à falta de confiança na capacidade dos funcionários de manterem a disciplina e o foco fora do ambiente de escritório. Para evoluir nessa frente é preciso investir em treinamentos tanto do lado da empresa como dos colaboradores, para que estejam capacitados para trabalhar com este formato, sem que haja prejuízos para ambos: empresas e profissionais.

É fundamental lembrar que o trabalho remoto não é uma solução universal, funcionando de forma variada de acordo com a natureza das funções e as necessidades dos profissionais. Há de se fazer um estudo, existem vários caminhos intermediários e composições de modelos de trabalho e flexibilizações que podem ser adotados em melhor ou maior escala dentro de uma só empresa, as áreas vão entender suas necessidades, inclusive consultorias já atuam para ajudar empresas nesta frente dando um diagnóstico e contribuindo com a organização deste modelo de trabalho em diferentes empresas. Alguns empregos demandam presença física e interação direta com colegas e clientes, tornando o trabalho remoto inviável.

O futuro do trabalho pode incluir modelos flexíveis e remotos sendo uma ferramenta poderosa, mas ainda não é a resposta para todos os desafios do mundo do trabalho. Encontrar o equilíbrio certo é essencial para garantir que avancemos rumo a um futuro do trabalho melhor para todos, com ganhos para ambas as partes – empregado e empregador.

Fernanda Mourão, CEO da Spacein.

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