Capacitação de profissionais para a agricultura digital é desafio de 62,6% dos produtores

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Com o aumento de 12,5% na safra de 2022/23, o Brasil atingirá o recorde histórico de 127 milhões de toneladas de milho produzidas ? com a agricultura digital sendo fator central para solidificar o país como terceiro maior produtor mundial. Segundo o estudo Guia do Milho, realizado pela Climate Fieldview, no entanto, existe um desafio: 62,6% dos produtores estão com dificuldade no que diz respeito à capacitação de profissionais.

Apesar deste número, o mercado de tecnologia para o agronegócio está mais aquecido do que nunca. Segundo pesquisa da consultoria 360 Research & Reports, ele atingirá o valor de US$ 8,33 bilhões até 2026 ? apresentando crescimento anual de 168%.

Mercado de agricultura digital abrirá 170 mil vagas

O Guia do Milho aponta que 43,8% dos produtores encontram dificuldades na contratação de profissionais qualificados. No entanto, este gargalo também é encontrado em outras culturas.

Segundo a pesquisa "Profissões Emergentes na Era Digital: Oportunidades e desafios na qualificação profissional para uma recuperação verde", os próximos dois anos serão marcados pela criação de 178,8 mil empregos na agricultura digital nos próximos dois anos. No entanto, 82% destas vagas não encontrarão profissionais qualificados para preenchê-las.

"Hoje, o produtor precisa entender de tecnologia, de software e hardware, para unir isso com a sua produção", explica Heli Heros Teodoro de Assunção, técnico do Departamento Técnico (Detec) do Sistema FAEP/SENAR-PR.

Segundo ele, a alta demanda está fazendo profissionais de tecnologia migrarem para o agronegócio. "Essa multidisciplinaridade vai ser, cada vez mais, uma constante no setor rural", completa.

Por isso, não se trata de uma questão de falta de tecnologia. Segundo pesquisa do Sebrae e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 84% dos agricultores brasileiros já são adeptos da agricultura digital. Ou seja, este gargalo reside meramente no aspecto humano.

Desta forma, os profissionais que se capacitarem poderão nadarão de braçada no mercado. Por exemplo, a média salarial de um gestor de agronegócio é de cerca de R$ 12 mil. Além da questão financeira, em muitos casos não é necessário sair da cidade ? atuando remotamente.

Entre os principais empregos na agricultura digital estão:

Engenheiro Agrônomo Digital

Este profissional precisa conhecer engenharia agronômica e as soluções digitais ? assim adaptando a lavoura à agricultura 4.0. Outros conhecimentos necessários são análise de dados, topografia e todo o processo da cultura com a qual ele atuará.

Técnico em Agronegócio Digital

Com semelhanças ao anterior, este profissional usa Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) para considerar todos os elementos necessários para o sucesso do grão. Habilidades cruciais são gestão, programação e análise de dados.

Cientista de Dados Agrícolas

A análise de dados está em alta em todos os segmentos e na agricultura não poderia ser diferente. O cientista de dados precisa entender de estatística, programação, softwares, plantio e geoprocessamento.

Engenheiro de Automação Agrícola

Já este profissional precisa se especializar na parte de automação. Entre as principais qualificações são trabalho remoto, processos agrícolas, conectividade e a operação de tecnologias para automação da lavoura.

Designer de Máquinas Agrícolas

Este profissional é responsável para o desenvolvimento de maquinário que possa fazer a produção seguir a agenda ESG e, por isso, precisa ter habilidades para o desenvolvimento de produtos, design e sustentabilidade. 

precisa desenvolver máquinas que sigam padrões de sustentabilidade ambiental, econômica e social. É necessário ter conhecimento e formação em áreas como desenvolvimento de produto; tecnologias de digitalização; design e sustentabilidade.

Operador de Drones

O uso de aeronaves não tripuladas é crucial para o monitoramento agrícola, ajudando a coletar dados e enfrentar situações adversas. Por isso, o operador de drones deve saber pilotar com segurança e ter conhecimentos de aviação para fazê-lo com segurança.

Profissionais? Carência de cursos é outro gargalo do mercado

O problema da falta de profissionais qualificados para a agricultura digital esbarra em outra questão: a ausência de cursos profissionalizantes no mercado. Segundo a Climate Fieldview, 18,8% dos produtores de milho apontaram a dificuldade de encontrar instituições de ensino reconhecidas pelo Ministério da Educação (MEC) que ofereçam formação nesse sentido.

Por isso, é necessário buscar cursos relacionados ao setor ? seja para o uso de agricultura de precisão ou TICs. Desta forma, o ideal é escolher o nicho de atuação e qual curso conta com as qualificações necessárias.

Segundo Fernando Reis, CEO da Agro Advance, isso se deve ao fato do mercado ter precisado se adaptar rapidamente ao crescimento da agricultura digital. "Tem muitas universidades que foram montadas meio que às pressas porque tinha muita demanda e elas não cuidaram tanto da qualidade técnica oferecida pela formação", explica o agrônomo.

Cursos livres em plataformas de cursos online também são opções que agregam conhecimento, apesar de não serem reconhecidos pelo MEC, o que pode ser um empecilho na hora da contratação.

Instituições como Fundação Getúlio Vargas (FGV), PUC-Campinas, Universidade La Salle de Lucas do Rio Verde e Universidade Federal de Santa Maria já oferecem hoje em dia cursos de pós-graduação em agricultura digital. Com investimento de cerca de R$ 10 mil, eles são opções para quem deseja seguir por esta carreira promissora ? e sanar o problema de mão de obra qualificada em um setor que corresponde a 30% do PIB nacional.

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