Startups britânicas veem confiança dos investidores abalada com saída do país da UE

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Apurado o resultado do plebiscito que definiu a saída do Reino Unido da União Europeia, as empresas de tecnologia, tanto as nacionais quanto as estrangeiras, se preparavam para um cenário catastrófico que poderá lhes custar bilhões de dólares. A vitória da chamada "Brexit", acrônimo de "Britain Exit", representa um duro golpe para o setor de tecnologia, que defendeu de forma esmagadora a permanência do país no bloco econômico. Uma pesquisa realizada em março passado pela ONG Defensores da Tecnologia de Londres, um grupo da indústria que representa quase 3 mil membros seniores da cena tecnológica da capital inglesa, revelou que 87% dos entrevistados que trabalham em tecnologia queriam a permanência do país na União Europeia.

O site americano Business Insider pediu que alguns investidores e CEOs de startups de tecnologia comentassem sobre o resultado do referenddo e fissessem uma análise sobre os impactos e as consequências para o setor da saída do país do bloco europeu.

O CEO da startup de tecnologia Rentify, George Spencer, disse que as empresas britânicas serão afetadas tanto no curto e médio prazo quanto no longo, assim como os jovens de 18 a 25 anos que votaram maciçamente pela permanência na União Europeia. "A confiança dos investidores no mercado ficará duramente abalada. Neste ano e, provavelmente, no próximo, assistiremos a uma postura mais conservadora de investidores institucionais e privados em relação à oferta de capital, quer seja para negócios com perfis de menor risco, quer seja para aqueles de risco calculado."

O mais grave, segundo Spencer, é que a incerteza terá um enorme impacto sobre o florescente mercado de fintechs, as startups de serviços financeiros, e sobre todo o chamado ecossistema de tecnologia de Londres à medida que começarem as mudanças na regulamentação.

Para Husayn Kassai, CEO da startup de tecnologia Onfido, as esperanças para a criação de um mercado único digital agora estão repletas de pontos de interrogação. "Apesar de Londres ser uma potência em finanças e tecnologia, é provável que agora fique mais difícil atrair os melhores talentos para o Reino Unido." Segundo ele, agora a indústria de tecnologia e o Reino Unido precisam discutir os acordos que já foram acertados e elaborar a melhor forma de avançar.

Menos pessimista, Mike Laven, CEO da Love Home Swap, plataforma de negociação para troca de imóveis, acredita que as próximas semanas serão turbulentas, mas diz que os empresários precisam aceitar a mudança e lidar com as adversidades para enfrentar os desafios e construir um novo caminho. "Não há dúvida que a decisão do país de deixar a UE tem grandes implicações macroeconômicas. Além disso, as negociações serão longas e contínuas, e, diante das incertezas, podemos esperar por uma volatilidade significativa à frente."

Para Laven, no entanto, a forte história financeira e a expertise não vão desaparecer do dia para a noite. "Levamos décadas para desenvolver a infraestrutura das empresas, os serviços, seguradoras e a miríade de nichos financeiros que fazem de Londres uma cidade especial. Fale com empresários europeus de tecnologia e eles também estão preocupados em ficarem sem os recursos de Londres. Será que vai ficar mais difícil? É claro. Mas os nossos planos de contingência vão evitar cenários apocalípticos."

Quase que na mesma linha de raciocíno, o CEO da London VC, Saul Klein, disse em uma entrevista a Business Insider que não estava preocupado com a Brexit. "Nada muda por pelo menos dois anos", disse ele.

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