Nos últimos anos, a gestão de dados por meio de nuvem se transformou numa espinha dorsal para empresas que buscam eficiência e inovação tecnológica. Segundo a Gartner, até 2028, as soluções em cloud deixarão de ser vistas como uma ferramenta disruptiva para se consolidarem como um componente necessário e imprescindível para a manutenção da competitividade empresarial.
No entanto, quando avaliamos o atual cenário de um mercado que movimenta US$ 700 bilhões anualmente, segundo o mesmo relatório, não seria surpreendente se essa previsão fosse antecipada.
Isso porque o recurso tem revolucionado a maneira como as empresas armazenam e gerenciam seus dados. Tradicionalmente, muitas organizações dependiam de uma única plataforma de nuvem para todas as suas operações digitais. Apesar disso, à medida que o cenário evolui, uma performance mais sofisticada ganha espaço no mercado: o ambiente multi-cloud. Este modelo, que envolve a utilização simultânea de múltiplas plataformas de nuvem, como AWS, Azure e Google Cloud, oferece uma solução ideal para uma operação mais robusta e integrada.
Diferenças entre um ambiente cloud e multi-cloud
A distinção entre o ambiente cloud tradicional e o multi-cloud é crucial na tomada de decisão dos empreendedores. Enquanto o primeiro se concentra em uma única infraestrutura, limitando a flexibilidade e aumentando a dependência de um único fornecedor, o segundo modelo permite às empresas distribuir suas operações por diversas plataformas. Esta estratégia contribui na mitigação dos riscos associados à dependência de um único provedor, além de otimizar custos a longo prazo e o desempenho geral dos sistemas.
No contexto empresarial, a configuração diversa se destaca por sua capacidade de distribuir cargas de trabalho de maneira eficiente, o que evita bloqueios de fornecedores e maximiza a eficácia operacional. A aplicação também oferece redundância e resiliência, aspectos fundamentais para a recuperação de desastres e a continuidade dos negócios.
Por conta desses atributos, setores como finanças, telecomunicações e saúde, que exigem altos níveis de conformidade e resiliência devido à atuação com dados e informações críticas, têm adotado crescentemente esse recurso.
Avanços na América Latina
No Brasil, a implementação do ambiente multi-cloud ganhou impulso recentemente, conforme as empresas começaram a reconhecer os benefícios de diversificar seus provedores de nuvem. Globalmente, essa tendência se popularizou na última década, com um aumento significativo nos últimos anos. E o investimento parece ainda estar longe de cessar ou encerrar.
Avaliando a região da América Latina em detalhe, um estudo desenvolvido pela NTT DATA e o MIT Technology Review revela que 80% das companhias locais estão otimizando a sua abordagem. Além disso, 57% das empresas preveem ampliar esse tipo de serviço em níveis consideráveis nos próximos anos.
Contudo, é importante ressaltar que a implementação em nuvens diversas não é isenta de desafios. Requer um planejamento cuidadoso, grande conhecimento técnico e uma gestão de TI integrada. As empresas devem considerar não apenas a tecnologia em si, mas também a cultura organizacional, garantindo que suas equipes estejam preparadas para operar em um ambiente diversificado e complexo.
Em suma, a configuração multi-cloud representa uma evolução nas infraestruturas de TI. Para as empresas que buscam maior flexibilidade, eficiência e segurança em suas operações de tecnologia, essa estratégia é, sem dúvida, a solução ideal.
À medida que avançamos para um futuro cada vez mais digitalizado, a capacidade de se adaptar e responder de forma resiliente aos desafios é um diferencial competitivo relevante. Portanto, cada vez mais, é fundamental que as lideranças empresariais considerem seriamente a adoção do multi-cloud como parte de sua estratégia de TI a longo prazo.
Marcos Teixeira, sócio fundador e CEO da Rox Partner.