A Portugal Telecom reiterou que o Brasil, no qual detém o controle da Vivo em associação com a espanhola Telefónica Móviles, é um mercado estratégico. A declaração foi feita por uma fonte da operadora portuguesa, que pediu para não ser identificada, à Agência Lusa. "Brasil e África são apostas estratégicas na internacionalização da Portugal Telecom", afirmou.
O jornal espanhol La Vanguardia noticiou nesta segunda-feira (24/7), no entanto, que a Telefônica vai mesmo vender a participação de 9,9% que tem na Portugal Telecom e usar a receita da venda ? avaliada em 1 bilhão de euros ? para assumir o controle total da operadora brasileira, na qual hoje detém 50%. O diário não cita fontes.
Para John dos Santos, analista da Lisbon Brokers, em termos estratégicos faz todo o sentido a operadora espanhola querer adquirir a Vivo, reforçando a presença na América Latina, onde é uma das operadoras mais fortes.
Atualmente, a Vivo enfrenta dificuldades. No primeiro semestre, o prejuízo da operadora atingiu R$ 672,4 milhões, três vezes maior que o dos primeiros seis meses do ano passado. Já sua participação de mercado diminuiu 6,8 pontos percentuais, passando de 47,4% em junho 2005 para 40,6% em junho 2006.
Santos considera que o aumento da concorrência e as limitações tecnológicas ? a Vivo usa a tecnologia CDMA em vez da GSM, utilizada pelas outras operadoras brasileiras estão na base do recente desempenho. Com a implantação de uma rede GSM, na qual a Vivo anunciou que vai investir R$ 1,08 bilhão, o analista acredita que, no médio prazo, ?a empresa deve conseguir registrar algumas melhorias, mas por enquanto vai sofrer um pouco".
Nuno Vieira, analista do Millennium BCP Investimento, concorda. "A Vivo tem alguns problemas no Brasil, como concorrência forte e o fato de não ter cobertura nacional". "[A empresa] tem lidado com níveis de [serviços] incobráveis, associados ao roaming interno [nos Estados onde a Vivo não tem licença para operar com CDMA], bastante elevados, que pressionam as contas", afirmou. Por isso, acha óbvio que, se a Telefónica vender sua parte na Portugal Telecom, esta por sua vez terá de vender seus 50% na Vivo à empresa espanhola.