Em um famoso artigo do Wall Street Journal de 2011, o sócio da gestora Andreessen Horowitz, Marc Andreessen, explicou por que naquela época o software estava devorando o mundo. A evolução acelerada da tecnologia de software impulsionava o crescimento dos negócios digitais. Seguindo os exemplos dos gigantes da internet, algumas empresas da velha economia estavam se moldando como empresas de tecnologia.
Vamos voltar um pouco mais. Em 2002, a Amazon enfrentou uma barreira de complexidade. O tamanho de sua página inicial atingiu 800MB e levava de 8 a 12 horas para compilar. Jeff Bezos emitiu um mandato relativo a APIs, que mudou profundamente a forma como o software era criado e como a empresa era organizada.
-
Todas as equipes deverão expor seus dados e funcionalidades por meio de interfaces de serviços.
-
As equipes devem se comunicar entre si através dessas interfaces.
-
Não será permitida qualquer outra forma de comunicação entre processos: sem links diretos, leitura direta do armazenamento de dados de outra equipe, sem modelo de memória compartilhada, nenhum tipo de backdoor. A única comunicação permitida é por meio de chamadas de interface de serviço pela rede.
-
Não importa qual tecnologia seja utilizada. HTTP, Corba, Pubsub, protocolos personalizados – não importa.
-
Todas as interfaces de serviço, sem exceção, devem ser projetadas desde o início para serem externamente acessíveis. Ou seja, a equipe deve planejar e projetar de forma a poder expor a interface para os desenvolvedores do mundo externo. Sem exceções.
-
Aqueles que não seguirem esta regra serão demitidos.
-
Obrigado; tenha um bom dia!
Ao mudar para a modularidade com APIs, a Amazon se posicionou bem para abrir suas capacidades de distribuição e logística para fornecedores terceirizados. A natureza de autoatendimento da plataforma facilitou para que eles vendessem e distribuíssem seus produtos eliminando atritos. Isso ajudou a companhia a competir contra o eBay, alavancando um modelo de negócio diferente.
Desde aquela época o software e o hardware representam uma parte crescente das soluções e de suas operações de suporte. A arquitetura de software, de produto e de operações devem ser estruturadas de maneira simultânea.
Neste cenário em constante mudança, é essencial que as empresas se adaptem e inovem, reconhecendo o papel cada vez mais importante que o software desempenha em todos os aspectos de suas operações. Afinal, como Andreessen apontou, o software estava realmente devorando o mundo e a Inteligência Artificial (IA) nesse momento está fazendo a digestão.
Como a IA está digerindo os dados?
A IA é a força motriz por trás da transformação digital, permitindo que as empresas processem grandes volumes de dados e obtenham insights valiosos. Ela está automatizando tarefas, otimizando processos e possibilitando novos modelos de negócios. A IA está mudando a maneira como interagimos com o software, tornando-o mais intuitivo, personalizado e eficiente. Assim, ela não apenas ajuda o software a 'devorar' o mundo, mas também a 'digeri-lo', transformando dados brutos em informações úteis e acionáveis que impulsionam o progresso e a inovação.
Avançando ainda mais nessa discussão, a IA generativa ocupa um lugar de destaque nesse processo de "digestão". Esse segmento, que inclui modelos de linguagem como ChatGPT, tem a capacidade de gerar novos conteúdos a partir de dados existentes. Isso significa que a IA generativa pode criar desde artigos e relatórios até designs de produtos e códigos de software, ampliando ainda mais o alcance e a eficiência do software. Além disso, ela pode aprender e se adaptar a estilos específicos, permitindo uma personalização sem precedentes.
Nesse sentido, a IA generativa não só contribui para a "digestão" do mundo pelo software, mas também para a sua "metabolização", transformando dados em novas formas de criação e inovação.
Adriano Tavares, Head de Agilidade da Framework Digital.