A inovação na era da Geração Y

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Durante as últimas décadas, as empresas trabalharam fortemente na melhoria dos processos organizacionais: passaram a reduzir custos, produzir com mais qualidade, entregar resultados de forma mais rápida e atender melhor os clientes. Dessa forma, tornaram-se mais lucrativas e eficientes. Tudo isso é fundamental para permanecer no mercado, mas não suficiente para garantir o futuro nele. Num mundo cada vez mais conectado e competitivo, com produtos cujos ciclos de vida são cada vez mais curtos, o diferencial está na inovação. Esta sim garantirá perenidade e sustentabilidade, determinando a existência das ofertas nos próximos cinco ou dez anos.
A organização deve estar preparada para que isso aconteça, pois ninguém inova em algo que não domina. Inicialmente, é fundamental que delimite o estoque de conhecimento que detém, não apenas em termos de formação, mas experiência. Projetos que desenvolve, áreas onde trabalha, informações e assuntos pelos quais se interessa. Seu maior ativo são pessoas motivadas, capacitadas e que fazem a diferença no lugar certo.
Posteriormente, é imperativo um espaço onde os mais aptos possam contribuir com talentos e diferenciais a cada ano, porque não explorar esse potencial é um desperdício. A maioria das empresas grandes tem uma área de Pesquisa e Desenvolvimento, ou pelo menos umas dez ou vinte pessoas focadas nisso. Porém, é difícil entender como uma instituição com mil colaboradores possa resumir a inovação a menos de 2% deles.
Sei o quanto é difícil envolver todos nesse processo, até porque muitos não querem ou não conseguem fazer parte dele. Por outro lado, a Geração Y, definição dada aos nascidos a partir de 1978 que estão chegando e assumindo cargos estratégicos, é altamente conectada, antenada a tudo o que é novo e uma excelente fonte de inovação. Esses jovens têm ânsia de aprender, não gostam de hierarquia e adoram trabalhar em equipe. No entanto, são individualistas na hora de atingir metas e, principalmente, têm pressa de subir degraus na empresa e consolidar a carreira. Como lidar com eles quando não se está preparado para esse choque cultural?
O desafio será potencializar essa meninada, trabalhando a gestão da empresa a partir de conceitos da Web 2.0. Apesar de ainda haver questionamentos sobre esse tipo de inovação aberta e acessível, já é considerada questão de sobrevivência para organizações de sucesso. Na Braskem, por exemplo, 25% dos pesquisadores são colaboradores externos; na Procter e Gamble 50% dos produtos são desenvolvidos com base em co-criação; e na Natura 50 a cada 100 projetos em curso são feitos em rede. Estas sim estão indo além dos muros, reduzindo time-to-market e custos.
Porém, para chegar a essa capacidade de inovação é preciso competência para geri-la, o que pressupõe grande quantidade de análises, pilotos, protótipos etc. Isso tudo é subjetivo e difícil de mensurar, por isso a importância de buscar os melhores profissionais que utilizem procedimentos e métricas. Os verdadeiros empreendedores sabem que, às vezes, quando acreditamos que somos inovadores, basta fazermos uma pesquisa no mercado externo para descobrirmos que não o somos tanto assim. Também não podemos esquecer que inovação é disciplina. Apesar de esbanjar criatividade e iniciativa, o brasileiro ainda carece de foco na execução – ingrediente fundamental para o sucesso. Temos que ter idéias, iniciativas e insights, mas sem deixar de entregar em tempo novos produtos e serviços no mercado.

*Sérgio Roberto Cochela é CEO da Nous Software.

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