Questionários que cruzam ideias e expectativas do eleitor com informações dos candidatos são a maior inovação da internet neste ano. No entanto, o Datafolha indica que a rede ainda tem pouca importância na definição do voto. A multiplicação de páginas na internet com informações sobre os candidatos a deputado federal é uma das novidades desta eleição. São páginas que associam as posições do eleitor a dos candidatos, que analisam a vida pregressa dos postulantes ou informam sobre o papel da Câmara dos Deputados. Tudo para ajudar o eleitor a escolher um nome entre os 6 mil que buscam as 513 vagas da Câmara dos Deputados.
Segundo o Instituto Datafolha, a menos de um mês do pleito, 66% dos eleitores dos oito estados pesquisados ainda não tinha definido o voto para deputado federal. A maior inovação dessas eleições são os testes que relacionam as posições dos eleitores às ideias e ao comportamento dos candidatos. É o caso dos sites Repolítica (www.repolitica.com.br) e extrato parlamentar (www.extratoparlamentar.com.br). O Repolítica faz o cruzamento entre expectativas do eleitor com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), da organização Transparência Brasil e a opinião dos internautas e da comunidade sobre os candidatos a deputado federal – sejam novatos na política ou os que concorrem à reeleição.
Daniel Veloso, um dos organizadores do site, explica que o objetivo é comparar todos os candidatos a partir dos mesmos quesitos. "Ninguém, por mais engajado que seja, consegue comparar tantos candidatos a partir de informações tão diferentes. Colocamos todos eles em uma base de dados só", disse. Segundo ele, o resultado do teste pode ajudar o eleitor ao limitar o universo de candidatos potenciais. "O que a gente espera é que o eleitor veja um grupo de candidatos adequados ao seu perfil e, a partir disso, pesquise mais sobre cada um deles antes de definir o voto".
Votações nominais
Já o extrato parlamentar está voltado apenas para os candidatos que buscam a reeleição (são 420 deputados nessa situação) e está focado no comportamento do deputado nas votações nominais em Plenário. Ele cruza o voto dado pelo deputado à posição do eleitor sobre o tema, em busca dos que se posicionaram de maneira mais próxima à do eleitor.
O resultado o teste pode trazer surpresas. Uma pessoa que se considere de esquerda, por exemplo, pode ter deputados de direita no topo da afinidade. A cientista política Andréa Freitas, responsável pela base de dados do projeto, esclarece que isso ocorre porque o voto do parlamentar é fortemente influenciado pela orientação do partido e não reflete necessariamente a posição de cada um.
Isso pode explicar o fato de o deputado José Genoino ter ficado em nono no resultado do seu teste, realizado a pedido de um jornal. O deputado se declarou favorável a determinados projetos a que votou contra, seguindo o voto do partido. "As coisas no Congresso se dividem, de forma geral, entre quem está no governo e quem não está. Assim, o voto de cada deputado pode retratar a posição em relação ao governo, não a postura mais sincera de cada um", disse Andréa. Um dos objetivos do extrato parlamentar, segundo ela, é aproximar o processo legislativo do eleitor e alertar para os interesses em jogo. "É importante se dar conta das muitas variáveis que afetam o posicionamento do parlamentar, como o fato de ser governo ou oposição. O objetivo é tornar transparente como se processam as coisas dentro do Congresso", disse a cientista política.
De acordo com o consultor Rafael Lamardo, parceiro da cientista política no Extrato Parlamentar, o site já recebeu mais de 100 mil visitas e já foi visualizado por mais de um milhão de internautas desde que foi entrou no ar, em agosto deste ano. O Repolítica também registra mais de 100 mil acessos, segundo Daniel Veloso. As informações são da Agência Câmara.
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