Cesar cria laboratório para fomento de empresas nascentes de base tecnológica

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O Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar) planeja criar o Cesar Labs, um laboratório voltado ao fomento de empresas nascentes de base tecnológica. Iniciado internamente em 2007, quando recebeu 70 projetos, o laboratório apoiou a formação de nove negócios dos quais três viraram empresas. No ano passado, foi remodelado e, agora, na versão 2.0, vai investir em soluções inovadoras provenientes de empreendedores de fora do Porto Digital, polo tecnológico do estado de Pernambuco.

O objetivo é criar empresas para nichos de mercados que desenvolvam soluções de software, que possam, inclusive, ser vendidas às maiores companhias da área. O subsídio à inovação faz parte da filosofia do Cesar, que hoje funciona como uma âncora do Porto Digital.

"A área de software é importante para o desenvolvimento regional e especialmente viável porque, em tese, você não precisa de um altíssimo investimento inicial para promover a inovação", explica o cientista-chefe do Cesar, Silvio Meira. Ele resume em quatro tópicos a infraestrutura necessária para uma empresa de software: galpão, eletricidade, ar-condicionado e computadores comuns. "O equipamento mais caro do Cesar hoje é um computador avaliado em R$ 20 mil", ressalta.

O instituto foi fundado em 1996 como iniciativa para geração e formação de profissionais na área de tecnologia para ajudar na recuperação tecnológica e econômica da capital pernambucana. Hoje, tem 584 profissionais das mais diversas áreas e contabiliza R$ 59,6 milhões em vendas para 58 clientes ativos. Conforme explica o CEO do Cesar, Sérgio Cavalcante, são empresas das mais diversas áreas, como Banco do Brasil, Cielo, Caixa Econômica Federal, Samsung, Siemens, Oi, Bradesco, Sony Ericsson, Microsoft, Motorola, entre outras.

Entraves ao desenvolvimento

De acordo com os especialistas, o Brasil possui evidentes entraves para o desenvolvimento do ecossistema de startups e da inovação, tais como a falta da cultura empreendedora, a burocracia governamental e o distanciamento da comunidade acadêmica da sociedade. "A inovação não é criar um novo negócio pensando no mercado nacional. Temos que identificar demandas sociais e, a partir do cenário nacional, expandir organicamente e buscar vantagens competitivas", resume Meira. "Não é criar um novo Facebook. Existe uma rede social mundial e outros negócios de nichos. Temos que pensar em novos negócios, novas soluções, identificar novos mercados e ali desenvolver a atuação de uma nova companhia", completa Cavalcante.

Meira critica a morosidade no Brasil para abertura e fechamento de empresas, o que implica em pouca criação de tecnologia. "Não se trata de apenas desoneração da folha e outras concessões. Nosso problema é estrutural. A dinâmica econômica para o setor de software impõe velocidade como um todo, inclusive fluidez do capital e investimento, de classe mundial. E não temos isso ainda", lamenta o cientista. Ele cita uma companhia aberta por ele mesmo que, após falir, levou 12 anos para ser fechada na junta comercial.

Por fim, os especialistas destacam o isolamento ao qual a comunidade acadêmica se submeteu no país, voltada para publicação de artigos internacionais. Com isso, a solução de demandas da sociedade e proposições de modelos de negócios ficaram para trás. "Acreditamos que academia tem um papel, ao lado do governo e da indústria, para criação de tecnologia", explica Meira.

* A repórter viajou ao Recife a convite do Cesar.

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