Parece um mantra algumas frases para os técnicos: o gerente de projetos não faz nada, é fácil gerenciar projetos, qualquer um pode fazer, com certeza o projeto sairia muito melhor se não existisse o GP.
Excetuando os gerentes de projeto que realmente não fazem nada, parecem mais office boys de luxo do PMO, a vida do GP não é nada fácil, mas vamos atender os sonhos dos técnicos e eliminar o GP e vejamos como seria um projeto sem ele.
Inevitavelmente todo projeto começa a partir de uma necessidade, um problema buscando solução ou mais comumente de um devaneio do cliente, que por sua vez sonha com o estado da arte em tecnologia e inovação, que seja realizado no menor tempo e com o menor custo.
O primeiro grande desafio é conseguir escrever no detalhe o escopo, por um lado um cliente que não consegue explicar exatamente o que deseja e do outro um técnico que por definição odeia escrever e acredita que consegue entender facilmente as necessidades do cliente, como resultado temos o primeiro passo o caos, um cliente que acredita ter explicado tudo e o técnico com a absoluta certeza que entendeu.
Enquanto o cliente continua seus delírios pesquisando e perguntando a todos sobre as melhores soluções para o seu projeto, o técnico tem a absoluta certeza que o que o cliente quer não irá resolver os seus problemas, assim reúne outros técnicos discutem a solução perfeita para o problema do cliente, dividem as atividades e sem o menor planejamento nem documentação começam o desenvolvimento.
O tempo passa e a ansiedade começa a aparecer, os chefes dos chefes dos técnicos cobram a entrada de dinheiro, o chefe do técnico os produtos do projeto, o representante comercial quer receber sua comissão, e o cliente com a prerrogativa do grande pagador deseja receber os protótipos, o detalhamento do escopo, tempo e exatamente quanto irá custar o projeto.
Como o projeto não possui um dono, todos são responsáveis e ninguém é o culpado, em poucos minutos de uma reunião de entendimento percebe-se que o caos está instalado, não existe controle de custos, porque os técnicos não cuidam disso, cronograma era algo que não servia para nada e o escopo era aquilo que o técnico pensou, afinal o cliente não sabe de nada.
O quase está pronto impera e a pressão do cliente torna-se insustentável, é necessário apresentar algo, uma comitiva encabeçada pelo diretor tem a responsabilidade de convencer o cliente que o que foi feito é o estado da arte.
Alguém tem alguma dúvida do resultado da reunião?
Uma verdadeira catástrofe, o cliente absolutamente indignado ameaça romper o contrato, o diretor com toda a sua experiência tenta em vão achar uma saída e o técnico teima em querer convencer o cliente que a solução que ele desenvolveu é a melhor solução para o problema dele.
Alguma dúvida sobre qual o resultado de realizar um projeto sem gerenciamento?
Alberto Parada, co-fundador do Descomplicado Carreiras (Sistema de orientação de carreira), Colunista e Palestrante especializado em carreiras, atua há mais de 25 anos como executivo no mercado de tecnologia em empresas como: Sênior, IBM, Capgemini, Fidelity, Banespa, e mais de 12 anos como Professor Universitário no Lassu-USP FAAP e FIAP. Formação em administração de empresas e análise de sistemas, com especialização em gerenciamento de projetos e mestrando em Gestão de Negócios pela FIA, voluntário no HEFC hospital de retaguarda para portadores de Câncer.