Sondagem realizada pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), entre os dias 8 e 15 de setembro, com 53 empresas, para acompanhar os impactos do coronavírus na atividade do setor eletroeletrônico, apontou que 82% das entrevistadas têm a percepção que o cenário econômico atual do Brasil melhorou comparado com o período mais crítico da pandemia, no mês de abril. Para 10% das pesquisadas, o cenário permanece inalterado e as demais (8%) acreditam que a
conjuntura atual está pior que a verificada em abril deste ano.
"O processo de retomada está em marcha como também vem demonstrando nossos indicadores de produção e emprego", diz o presidente da Abinee, Humberto Barbato. Segundo ele, a recuperação é possível pela vocação do setor voltada à inovação. "Pelo dinamismo e constantes investimentos em pesquisa e desenvolvimento, as empresas conseguiram fazer uma leitura rápida do atual cenário, adequando processos e linhas de produção para essa nova realidade", destaca.
Barbato pondera, entretanto, que as empresas ainda enfrentam dificuldades para acesso a crédito bancário, sendo esse o ponto mais vulnerável do conjunto de medidas que o governo federal vem adotando para enfrentar a pandemia. "Temos ainda um caminho árduo a percorrer para recuperar todas as perdas", conclui.
Insumos
A pesquisa também revela que 75% das entrevistadas que importam componentes ou insumos da China estão com o fornecimento normalizado, sendo que para 48% está totalmente normalizado e para 27% está parcialmente normal. De acordo com a pesquisa, 25% das empresas informaram que ainda estão percebendo problemas de fornecimento daquele país.
Destaca-se que 69% do total de entrevistadas que importam componentes ou insumos da China e que tiveram dificuldades no fornecimento no começo do ano não mudaram a sua estratégia para tentar diminuir a centralização nos suprimentos desses itens da China, devido à complexidade do desenvolvimento de novos canais de abastecimento.
Mesmo diante deste cenário, as demais empresas, ou até mesmo aquelas que continuam
importando da China, estão tentando utilizar também outras alternativas, tais como: desenvolvimento de fornecedores no mercado interno (36%); aquisição destes itens de fornecedores já existentes no mercado local (23%); importação de componentes ou insumos de outros países, tais como: Japão, Coréia do Sul, Taiwan, Vietnã, Estados Unidos, Alemanha, entre outros (13%).
Medidas emergenciais do governo
Neste levantamento foi observado que 64% das entrevistadas adotaram alguma medida emergencial anunciada pelo governo com o objetivo de amenizar os impactos econômicos da pandemia de Covid-19, tais como:
• Redução de salário e jornada de trabalho;
• Flexibilização das férias;
• Suspensão temporária de contrato de trabalho;
• Utilização de banco de horas;
• Postergação do recolhimento do Fundo de Garantia;
• Postergação do recolhimento de impostos;
• Isenção do IOF sobre operações de crédito;
• Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) –
• financiamento para capital de giro;
• Postergação de pagamentos de financiamentos;
• Linhas de financiamentos; entre outros.
Segundo a pesquisa, essas medidas foram extremamente relevantes para 19% das entrevistadas; muito importantes para 24% e relevantes para 15% das pesquisadas. Porém, 21% das empresas consideraram as medidas pouco relevantes e as demais (21%) não
perceberam relevância nessas ações.
Linhas de crédito
Desde o início da pandemia de Covid-19, muitas empresas do setor eletroeletrônico vêm relatando dificuldades no acesso ao crédito.
Conforme essa última pesquisa, 64% das entrevistadas recorreram a recursos financeiros no mercado de crédito em razão da pandemia.
Deste total, 29% tiveram acesso ao crédito sem dificuldades; 43% conseguiram os recursos, porém com dificuldades; para 19% a solicitação ainda está em análise e 9% não conseguiram o crédito.
Investimentos
Ainda nesta sondagem, 46% das empresas indicaram que pretendem investir ainda neste ano e 31% têm a intenção de investir a partir do ano que vem. As demais (23%) não têm intenção de realizar investimentos em 2020 e 2021.