Teradata amplia portfólio e consolida estratégia para big data

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O crescimento explosivo dos dados corporativos ao longo dos últimos anos criou, ao mesmo tempo, uma série de oportunidades e um desafio para as empresas — como gerar valor para o negócio a partir desses dados? E para elas isso significa gerenciar big data, que é, segundo o presidente e CEO da Teradata, Mike Koehler, a combinação de "todos os dados em todos os canais, sejam do passado, presente ou futuro". Ele diz que obter valor para o negócio a partir dos dados pode oferecer enormes benefícios para as corporações, mas observa que descobrir como realizar essa tarefa é um desafio enorme.

Este novo panorama foi apresentado por Koehler durante a abertura do Partners User Group 2012, conferência que reúne clientes e parceiros de negócios da empresa, e que acontece esta semana em Washington, nos Estados Unidos. Além de anunciar novos produtos e apresentar a estratégia para esse segmento, ele falou sobre as mudanças que o conceito de big data — cujas tecnologias permitem lidar com enormes volumes de informações que precisam ser tratadas, por envolverem dados não estruturados provenientes das mais diversas fontes — vem provocando nas empresas que lidam com informações vitais para o negócio.

O CEO da Teradata enfatizou que o crucial para lidar com “grandes informações” é a análise de dados. “Pois análise é muito, muito difícil de fazer", ressaltou, acrescentando que isso requer recursos caros e escassos. Segundo Koehler, análise de dados é uma área onde a maioria das empresas não tem “a casa em ordem”, por não saberem como catalogar certos conjuntos de dados e como eles podem ser utilizados em prol do negócio. "Eles estão espalhados por toda parte e se leva mais tempo para encontrar a informação; e muitas vezes ela é inútil", disse. A estratégia de dados, insistiu ele, precisa ter uma visão única do negócio dentro de um "ambiente de autoatendimento compartilhado". “Os dados precisam ser reunidos para dar aos tomadores de decisão uma visão mais precisa do negócio.”

Uma das ferramentas da empresa voltadas a auxiliar nesse desafio, segundo ele, é a chamada Big Data Appliance Aster Analytics, primeira solução unificada para análise de big data que reúne, em um appliance integrado, o Aster Analytics e o Hadoop, plataforma para análise de dados de código aberto, desenvolvido pela Apache, que está sendo amplamente adotada por empresas como Amazon.com, Apple, Google e LinkedIn, além de fornecedores de banco de dados. A ideia com a nova ferramenta, além de mostrar que a Teradata possui tecnologias para acelerar conexões entre a arquitetura da empresa e o Hadoop, é se posicionar como um forte competidor nesse mercado, avaliado pelo Gartner em cerca de US$ 28 bilhões neste ano — dos quais US$ 4,3 bilhões somente em vendas de software para big data.

Para se consolidar nesse segmento, a Teradata vem investindo pesadamente na compra de empresas cujos produtos complementam seu portfólio. Apenas nos últimos dois anos ela aplicou mais de US$ 800 milhões para adquirir três empresas de análise de dados. Pela Aprimo, fabricante de software para marketing integrado baseado na nuvem, arrematada em dezembro de 2010, ela pagou US$ 525 milhões. Em termos estratégicos, no entanto, o negócio mais significativo foi a aquisição da empresa de software de análise de dados Aster Data Systems, por US$ 263 milhões. Neste ano, ela também anunciou a compra da eCircle, empresa europeia fornecedora de soluções de marketing digital por meio de computação em nuvem, cujo valor da transação não foi revelado.

Sistema emergente

O Aster Big Analytics Appliance se encaixa na categoria emergente dos chamados sistemas convergentes, projetados para facilitar o uso, permitir uma rápida configuração e custos menores de manutenção. Trata-se de um segmento de mercado agora também disputado por gigantes como IBM, Oracle, EMC, HP, SAP e outros. Koehler não revela qual será o alvo preferencial dessa batalha, mas não deixa de alfinetar os concorrentes. Ele cita um problema que as empresas frequentemente enfrentam ao gerenciar grandes conjuntos de dados não-estruturados. “Certas soluções lidam com alguns requisitos do negócio de forma admirável, mas falham em outras áreas.”

A diferença da ferramenta da Teradata, segundo ele, é que ela permite que se tenha um ambiente de dados unificado, por meio do framework Unified Data Environment, que permite tratar todos os tipos de dados e múltiplos sistemas. Conforme explicou o presidente da Teradata Labs, Scott Gnau, o Unified Data Environment é uma combinação de hardware e software de tecnologias nativas da Teradata. A título de exemplo, ele diz que Aster Big Analytics Appliance opera com o novo barramento de dados InfiniBand que aproveita os recursos da atual tecnologia de chips da Intel, capaz de oferecer um aumento de desempenho de 30% a hardware com o Hadoop.

Características técnicas à parte, o objetivo final da solução, de acordo com Gnau, é ajudar a "fazer facilmente o trabalho em um ambiente multissistema". Em outras palavras, a solução é projetada para aliviar a carga de silos de dados entre vários sistemas Teradata, em que as empresas têm múltiplos canais de coleta de informações para fins diferentes, muito dos quais são armazenados em formatos inconsistentes. A estrutura do Unified Data Environment, segundo ele, contém tecnologias destinadas a acelerar conexões entre a arquitetura da Teradata e o Hadoop, bem como uma infraestrutura que monitora o rol de soluções globais e notifica o pessoal certo quando existem potenciais riscos ou falhas.

Além Unified Data Environment, a Teradata também anunciou a Unified Data Architecture, que, como próprio nome diz, oferece uma arquitetura unificada de dados, de maneira que as empresas possam criar maneiras de combinar software e tecnologia para alcançar seu objetivo desejado. O conceito principal é ajudar as empresas a gerenciar e analisar grandes volumes de dados complexos.

De acordo com Rob Bearden, CEO da Hortonworks, parceira de negócios da Teradata e um das principais empresas envolvidas no desenvolvimento da plataforma Hadoop, as empresas enfrentam obstáculos para construir ambientes unificados eficazes, porque esses ambientes são difíceis de implantar e de gerenciar devido aos novos tipos de dados e de múltiplos sistemas. "À medida que os early adopters começam a adotar o Hadoop como sua plataforma principal, as empresas perecisam de um sistema de gestão unificado e da capacidade de integrar firmemente ferramentas analíticas. E o Unified Data Architecture responde a esta necessidade”, disse Bearden.

Perspectivas de mercado

Embora não faça nenhuma projeção de receita para o ano no segmento de big data devido ao período de silêncio, em razão da proximidade da divulgação do balanço financeiro do terceiro trimestre da Teradata — prevista para 1º de novembro —, Koehler não esconde que a empresa olha esse mercado com boas perspectivas. E sinaliza que ela vai continuar investindo pesadamente nesse segmento, seja no desenvolvimento de novas soluções, seja em aquisições. Embora reconheça que se trata de um mercado ainda incipiente na América Latina, ele deixa claro que o foco dos negócios para a região também será em big data.

A Teradata encerrou o segundo trimestre deste ano com lucro líquido de US$ 112 milhões, um crescimento de 9% em relação ao mesmo período do ano passado. A receita teve alta de 14%, contabilizando a cifra de US$ 665 milhões. E esta, ao que parece, é a projeção de crescimento que a companhia trabalha para o ano, em razão da desaceleração econômica nos mercados da Europa e Estados Unidos.

* O jornalista viajou aos Estados Unidos a convite da empresa.

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