Pesquisa confirma desigualdade no mundo digital

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Cerca de 55% da população brasileira nunca utilizou um computador e 68% jamais acessou a internet. A constatação é de uma pesquisa para verificar o uso das tecnologias da informação e da comunicação no país realizada pelo Instituto Ipsos-Opinion, feita nos meses de agosto e setembro deste ano, com cerca de 8,5 mil em domicílios e 2 mil empresas brasileiras.

Os dados da pesquisa de domicílios reforçam que o acesso e uso do computador e da internet no país está estritamente relacionado ao nível socioeconômico do indivíduo, sua renda familiar e a região onde vive. A posse e uso do computador e da internet nos diversos segmentos sociais se concentra nas pessoas de famílias mais ricas e, por tabela, nos que moram em regiões mais abastadas. Além disso, pessoas mais jovens usam mais o computador e a internet que as mais velhas.

O levantamento mostra que apenas 16,6% da população brasileira possui um computador em casa, o que de certa forma justifica o fato de 55% das pessoas nunca terem utilizado um equipamento. Esse cenário também tem reflexos no uso da internet, que nunca foi usada por quase 70%.

Mesmo o uso para o acesso a serviços de governo eletrônico ainda é restrito. Segundo o estudo, apenas 12,68% da população utilizou algum serviço de governo e eletrônico nos últimos 12 meses, embora, por outro lado, isso significa que 40% das pessoas que utilizaram a internet nesse período também acessou algum tipo de serviço de e-gov.

Quanto à realização de compras através da internet, a pesquisa mostra que apenas 6,38% da população já comprou algum produto ou serviço na rede nos últimos 12 meses, o que representa 20% das pessoas que utilizaram a internet no período.

Entre os que compraram, os produtos mais adquiridos foram filmes e música (17,9%), equipamentos eletrônicos (14,4%), livros, revistas ou jornais entregues digitalmente (14,1%), ou jornais entregues fisicamente (13,3%), eletrodomésticos (12,6%) e computadores e equipamentos de informática (11,7%).

Das pessoas que já utilizaram a internet, 80%, no entanto, nunca realizaram uma compra on-line. Os motivos para não usar a rede para adquirir produtos vão desde preocupação com os riscos do comércio eletrônico (36,02%) até a falta de confiança de que vão receber a mercadoria. O padrão de uso do comércio eletrônico se distribui nos segmentos sociais de maneira semelhante ao uso da internet: pessoas de famílias e regiões mais ricas.

As principais atividades realizadas na internet por aqueles que utilizaram a rede nos últimos três meses foram o envio e recebimento de e-mails (17,21%), a realização de atividades escolares (11,48%), a procura de informações sobre bens e serviços (8,94%), a leitura de jornais e revistas (8,64%), o envio de mensagens instantâneas (8,48%), a procura de informações gerais (8,04%) e a procura de informações sobre diversão e entretenimento (7,90%).

Já o panorama do uso das tecnologias de informação e comunicação nas empresas brasileiras é completamente diferente. As taxas de penetração do uso do computador e da internet são altos, mostrando a ampla informatização do setor privado: 98,76% das empresas usaram computadores nos últimos 12 meses; 80% possuem rede LAN com fio; 96,29% tiveram acesso à internet nos últimos 12 meses e 39% possuem intranet.

Segunda a pesquisa, a maior parte das empresas opta por conexões de internet de alta velocidade. Mesmo assim, uma boa parte delas ainda usa a forma tradicional de acesso. Ou seja, 57,95% das empresas usaram conexão DSL nos últimos 12 meses, 45,07% usaram modem tradicional e 23.95% usaram conexão de banda larga móvel.

Os serviços pela internet mais procurados pelas empresas foram os serviços bancários e financeiros. Grande parte das empresas também usou a internet para interagir com órgãos públicos. Os serviços de governo eletrônico mais utilizados foram para declaração do Imposto de Renda (81,87%), consulta ao cadastro de inscrição estadual (74,84%), consulta ao FGTS (72,99%) e consulta ao PIS/Pasep (65,18%).

Um dos dados que mais chamam a atenção na pesquisa é o que mostra que boa parte das empresas sofreu algum tipo de problema de segurança na internet. Na menos que 50,34% das empresas disseram ter sofrido ataque de vírus nos últimos 12 meses e 31,13% sofreram ataques de trojans.

A pesquisa do Instituto Ipsos-Opinion foi realizada com apoio do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), que também se uniu ao IBGE e ao Ibope/NetRatings para a elaboração de indicadores sobre a penetração e uso da internet no país.
Convém ressaltar que as amostras probabilísticas de cada pesquisa foram desenhadas de forma a apresentar uma margem de erro de no máximo 1,5% no âmbito nacional e de 5% regionalmente.

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