É certo que a retomada no pós-pandemia não será algo rápido – e também longe de ser fácil – mas depois de encarar um dos mais difíceis desafios de nossos tempos, as empresas terão a chance agora de um verdadeiro recomeço. Com a intensificação da distribuição de imunizantes ao redor do mundo e reduções nos casos graves e circulação do vírus da Covid-19, a tendência é que as medidas de isolamento se tornem cada vez menos frequentes, permitindo a reabertura total da economia.
E se em 2020 as empresas precisaram se adaptar rapidamente, paralisando ou adaptando abruptamente suas operações, essa reta final da pandemia já nos mostra os próximos caminhos a serem seguidos.
Já é certo que a transformação digital, que foi quase que forçadamente acelerada nos últimos 20 meses, é agora a grande impulsionadora do crescimento econômico. O momento é de uma corrida para se adequar às novas necessidades e tendências, com uma chance de poder alinhar alta performance, conectividade e mobilidade de rede com segurança, uma demanda que já era vista como forte tendência no mercado, mas que ganhou ainda mais força.
Um bom indicativo disso foi a constatação de que 42% das pequenas e médias empresas brasileiras apostaram na adoção de novas tecnologias. O dado, que foi revelado em uma pesquisa realizada pela empresa de consultoria e marketing Edelman em parceria com a Microsoft, apontou que 83% dos entrevistados apostam que as novas tecnologias vão liderar o caminho rumo à recuperação econômica.
Um dos efeitos mais visíveis do momento atual é ver a computação de borda (edge computing) atuando como impulsionadora de uma revolução na forma como coletamos, armazenamos e processamos dados, agora feita por meio de data centers localizados na 'borda' de uma rede, eliminando a latência. Em vez de transitar por uma pequena quantidade de data centers centralizados, por dados gerados a partir de todas as câmeras, sensores e outras ferramentas de Internet das Coisas (IoT) alimentados por inteligência artificial, os dados agora podem ser processados diretamente na fonte ou perto da fonte.
A consultoria IDC estima que, até 2024, haverá um crescimento de 800% no número de aplicativos lançados para computação de borda. Com a possibilidade de fornecer processamento e análise instantânea, com maior velocidade analítica, a computação de borda permite que as organizações automatizem operações, melhorem experiências, reduzam o uso e o desperdício de energia e melhorem as medidas de segurança de seus negócios.
A computação de borda desempenha um papel fundamental nessa jornada de transformação digital, proporcionando otimização de rede e tecnologia. Todo o potencial das velocidades 5G só pode ser realizado se a latência da rede for reduzida processando dados próximos ao usuário final. Os resultados possibilitados pela combinação da computação de borda e do 5G prometem produzir soluções mais eficientes em termos de energia do que as tecnologias atuais, melhorando a eficiência operacional e a infraestrutura.
Revolucionando onde e quão rápido podemos processar e analisar dados, a tecnologia de borda oferece enormes oportunidades para países que vão além da fase de recuperação e em busca de crescimento e sustentabilidade a longo prazo.
Para perceber todo o potencial da computação de borda, governo e indústria precisarão trabalhar juntos. Alcançar uma infraestrutura escalável e confiável para lidar com enormes volumes e complexidade de dados exige o desenvolvimento de novas abordagens para equilibrar transparência, confiança e segurança e exigirá investimentos para promover colaborações públicas-privadas significativas.
Com essa sinergia, o futuro da economia no Brasil e no mundo certamente terá um novo rumo. E quanto mais cedo isso acontecer e com mais empresas inseridas nesse objetivo, novos e promissores capítulos da retomada serão escritos, com a computação de borda sendo fundamental em diversas frentes deste processo.
Raymundo Peixoto, vice-presidente sênior e diretor-geral de soluções para datacenter da Dell Technologies na América Latina.