Como CEO de uma empresa de tecnologia, tenho vivenciado diariamente os desafios e transformações do setor. Uma das mudanças mais significativas que observo é como a transformação digital deixou de ser um diferencial para se tornar uma necessidade nas organizações. Em minha experiência, o maior desafio não está nas ferramentas ou sistemas, mas na forma como as empresas gerenciam e lideram suas iniciativas digitais.
Ao longo de minha trajetória, participei de inúmeras reuniões onde pude observar CIOs equilibrando demandas conflitantes: diretores financeiros preocupados com custos, líderes de marketing necessitando respostas em tempo real e equipes de operações demandando estabilidade nos sistemas. Este cenário me fez perceber que precisamos de uma mudança fundamental: a dissolução das barreiras entre TI e áreas de negócios.
Os dados confirmam minhas observações práticas. A Gartner, em seu relatório "2025 CIO Agenda", cravou um ponto que não dá para ignorar: CIOs que compartilham a liderança digital com outros CxOs, os famosos Digital Vanguards, são até duas vezes mais eficazes em extrair valor dos investimentos em tecnologia. Em minha visão, este é um indicador claro de que precisamos repensar como lideramos tecnologia nas organizações.
O conceito de Digital Vanguards me chamou atenção por traduzir algo que sempre defendi: não se trata apenas de um novo termo do mercado, mas de uma mudança fundamental na forma como as organizações devem encarar a governança tecnológica. Vejo a co-liderança digital como uma nova dinâmica onde decisões, sucessos e, sim, também fracassos são compartilhados entre todas as áreas.
Em minha experiência liderando projetos de transformação digital, percebi que o CIO moderno precisa evoluir do papel de executor para o de maestro. É como uma orquestra onde cada área contribui com sua expertise, e o papel do líder de tecnologia é garantir que todos toquem em harmonia.
No dia a dia aqui na empresa, cada vez mais, plataformas low-code/no-code se tornaram fundamentais nessa transição. Vejo diariamente como áreas de marketing ou RH ganham autonomia ao participar ativamente na criação de suas próprias soluções, permitindo que a TI foque em questões verdadeiramente estratégicas.
Olhando para 2025, identifico desafios significativos: pressão por resultados, orçamentos mais enxutos e a constante evolução tecnológica e posso afirmar que, mais do que nunca, o sucesso das organizações dependerá cada vez mais da capacidade de seus líderes em promover uma gestão verdadeiramente colaborativa da tecnologia.
E que tal começarmos o ano com uma reflexão importante: como a TI está posicionada em sua organização? Vocês estão liderando ou apenas servindo? É fundamental identificar quais barreiras ainda existem entre TI e o resto da empresa e, principalmente, buscar aliados – seja internamente, entre os CxOs, ou externamente, com parceiros que entendam seu desafio.
A tecnologia continuará evoluindo, isso é fato. Mas tenho a convicção de que o diferencial competitivo das organizações estará cada vez mais na capacidade de seus líderes em promover essa integração entre TI e negócio. O futuro pertence às organizações que entenderem que tecnologia não é um fim em si mesma, mas um meio para alcançar objetivos compartilhados por todas as áreas.
Tiago Amor, CEO da Lecom Tecnologia.