Durante a abertura do Mobile World Congress esta semana, em Barcelona, o chairman da GSM Association e CEO da Telecom Italia, Franco Bernabè, apontou financiamento e fragmentação do espectro como os dois grandes problemas da indústria de telecomunicações nesse momento, mas nem tudo foi pessimismo em seu discurso. Um ponto em que as operadoras se apoiam para fazer frente aos concorrentes do mundo digital/virtual (provedores de Internet, conteúdos over-the-top etc.) é a questão da privacidade.
Para Bernabè, esse aspecto é sem dúvida um grande desafio em um mundo conectado em que as informações de cada pessoa estão disponíveis na rede a milhares de aplicativos e provedores de conteúdos. Mas para a indústria de telecom, é também uma oportunidade . "As perdas financeiras relacionadas a questões de privacidade custam hoje mais de US$ 3,5 bilhões. Temos uma oportunidade única de nos tornarmos players centrais no papel de resolver esse problema. Isso significa, diz ele, assegurar que a cada acesso o usuário tenha confiança nos dados que estão sendo trafegados e na segurança de que suas informações estão protegidas.
A fala de Bernabè se alinha à manifestação de outros CEOs da indústria de telecomunicações que também falaram no evento, sempre se colocando em contraposição aos grandes grupos de Internet e provedores de conteúdos no que diz respeito às aplicações do mercado de mobilidade. O tom da indústria de telecom parece ser, cada vez mais, o de que esses provedores de conteúdos criaram um ecossistema rico em serviços e altamente desejado pelo usuário, mas não pensaram nas questões de segurança e privacidade da maneira que deveriam ter feito. E cabe às operadoras de telecomunicações suprir essa lacuna.