Fatores ambientais, sociais e de governança se tornaram um imperativo global, colocando as empresas sob crescente escrutínio. Esse maior foco dos stakeholders tem feito os conselhos das organizações serem confrontados com novas expectativas. No entanto, poucos diretores estão preparados para governar questões do ASG (do acrônimo em inglês Environmental, Social and Governance).
Para que se construa um modelo de negócios onde os princípios do ASG sejam inseridos de forma genuína e responsável, é necessário redesenhar o negócio onde iniciativas atendam de forma efetiva a complexidade exigida. Não se trata de um programa somente, como algumas organizações têm tratado o tema, mas de uma jornada que envolve estratégia, objetivos claros e mensuráveis, dimensionados e avaliados ao longo do tempo, com metas factíveis de acordo com cada cenário.
Os princípios do ASG devem ser pilares do modelo de governança da organização. Só assim poderá garantir que elas atendam de forma consistente às expectativas dos stakeholders e viabilize o desenvolvimento de um modelo de negócios que seja resiliente aos impactos do mercado, ao mesmo tempo que preservem as condições de sustentabilidade. Isso só é possível se os processos, produtos e serviços executados ou produzidos pela organização forem desenhados para tal.
É uma jornada que está diretamente ligada à transformação organizacional, que envolve pessoas e processos com forte conexão ao movimento de digitalização, necessário à eficiência operacional. Muita gente restringe a visão de ASG a aspectos pontuais, com as perspectivas ambientais como poluição, desperdício ou sociais como inclusão, diversidade e bem-estar, e esquecem que a visão é muito mais complexa e ampla. Afinal, investimentos responsáveis, saúde financeira, segurança/qualidade do produto e privacidade/proteção de dados também são outros fatores também importantes e fundamentais, por exemplo. Os princípios estão conectados entre si e precisam ser abordados de forma integrada. Gerenciar isto é parte da Governança Corporativa, o G do acrônimo.
O primeiro passo para iniciar uma estratégia de implementação ASG é conhecer os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável instituídos pela ONU e analisar quais os impactos aplicáveis, positivos e negativos, que podem ser gerados a partir da realidade da sua organização. Determinar como ela será afetada e quais as mudanças serão necessárias para que impactos positivos sejam estimulados e impactos negativos minimizados, é um desafio árduo que envolve analisar os aspectos da organização, desde a própria natureza e estrutura funcional, capacidades de negócio, contratos, processos até a infraestrutura de produção (produtos ou serviços), tecnologia da informação e uso de dados para avaliar riscos e lacunas. É uma jornada de autoconhecimento composta de ciclos finitos e sem linha de chegada.
Para redesenhar uma organização e cumprir os princípios do ASG, ao invés de ficar somente em discursos eloquentes, esquecê-los ou mesmo "lavá-los" (ESG Washing), é necessária abordagem consistente, eficaz e eficiente. Sugiro avaliar um método testado e comprovado, que pode ajudar você e sua organização a uma implementação por desenho. A "Arquitetura Empresarial" é uma delas. Com ela, se mitigam os riscos associados resultantes de abordagens que carecem da maturidade necessária para garantir o alinhamento com os imperativos organizacionais, ao mesmo tempo em que se constroem os caminhos que viabilizam o modelo de negócios consistente e aderente aos princípios do ASG por desenho e resiliente aos impactos e as mudanças de cenário frequentes.
Enio Klein, influenciador e especialista em vendas, experiência do cliente e ambientes colaborativos com foco na melhoria do desempenho das empresas a partir do trabalho em equipe e colaboração. CEo da Doxa Advisers e professor de Pós-Graduação.