A decisão da operadora russa Yota – a segunda maior operação de WiMAX no mundo – de passar a pensar no LTE como tecnologia para a expansão de seus serviços, hoje todos em WiMAX acendeu uma luz amarela em toda a cadeia de valor da tecnologia. A operadora russa teme ficar isolada em um padrão tecnológico com devices sem escala e, portanto, com preços elevados. Há quem aposte que a Yota esteja anunciando a opção pelo LTE apenas para facilitar a sua vida em captações financeiras, mas ainda assim a situação é preocupante. Recentemente a Cleawire, que é a maior operação de WiMAX do mundo, também declarou que irá analisar o LTE para desenvolvimento em novas cidades.
Esses dois movimentos geram uma certa indecisão no mercado, reconhece o diretor de assuntos regulatórios da Intel Emílio Loures. Contudo não alteraram os planos da Intel nem sua expectativa para a tecnologia. "Não se pode esquecer da escala do mundo do PC. E eles não precisam ser subsidiados. Não estou dizendo que o WiMAX vai prevalecer, mas acho que existem fortes razões para atingir escala em patamares que existem hoje no mundo do celular", declara o executivo. A razão alegada pela operadora Yota foi justamente a opção de fornecedores mundiais como Samsung e Nokia pelo LTE. A operadora russa tem cerca de 500 mil assinantes.
A questão da disponibilidade do WiMAX parece ser talvez o maior trunfo da tecnologia. Hoje o WiMAX está pronto, enquanto o LTE ainda está em fase pré-comercial. Em relatório da consultoria Maravedis, a consultora Cintia Gaza afirma que os vencedores de espectro, especialmente na Índia, não podem esperar dois ou três anos para desenvolver o LTE, enquanto os desenvolvimentos de WiMAX seguem crescendo. Outro ponto levantado pela analista é o significativo desafio que existe se uma operadora monta uma rede WiMAX com a intensão de migrar para o LTE no futuro, em relação a base de devices WiMAX.
Hoje o WiMAX tem 7,2 milhões de assinantes, de acordo com a consultoria Maravedis. "Não é um número comparável com o 2G ou o 3G, mas é diferente do LTE, que é zero", argumenta Loures, da Intel.
Outro ponto a favor do WiMAX é o sistema de remuneração pela propriedade intelectual envolvida na tecnologia. Enquanto no LTE as negociações são feitas com os detentores de cada patente, no WiMAX existe a Open Patent Alliance, órgão que congrega todos os detentores de patentes da tecnologia. "É um ambiente onde os custos para remuneração da propriedade intelectual ficam reduzidos", explica Loures.
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