Uma explosão inacreditável de dados vai acontecer nos próximos anos. Pessoas podem achar que esse estouro já aconteceu, mas o que vimos até agora não foi nem a ponta do Iceberg. Para se ter uma ideia, este ano cruzamos pela primeira vez a fronteira do Zetabyte, ou seja, somando tudo que existe de "zeros" e "uns" no mundo, temos hoje 1,2 ZB de dados.
Explicar o que é um Zetabyte não é tarefa fácil. Uma maneira seria dizer que 1 Zetabyte é um trilhão de bilhões de bytes ou um bilhão de trilhões. Outra forma é escrever o número 1 seguido de 21 zeros: 1.000.000.000.000.000.000.000.
Mas nenhuma dessas explicações dá a dimensão exata para nós, seres humanos, do que esse monte de zeros realmente significa. Outra forma de explicar é imaginar colocar 1,2 Zetabyte em iPads e, nesse caso, seriam necessários 90 bilhões de iPads, o que daria o número de 14 iPads para cada ser humano no planeta. Você consegue imaginar cada pessoa no mundo carregando 14 iPads lotados? Isso é 1,2 ZB e esse montante é o que existe de dados atualmente.
O mais impressionante é que, em nosso ritmo atual, no ano de 2020 teremos 35 ZB de informação, um crescimento de quase 30 vezes em 8 anos. Nesse caso, cada pessoa carregará mais de 400 iPads. Isso é o Iceberg.
Cruzando essa informação com a certeza que o staff de TI (tecnologia da informação), neste período, não crescerá nem 1,5 vezes, afinal não existe profissionais no mundo sendo formados a taxas maiores, e sabendo que passaremos de cerca de 15 milhões de profissionais de TI para aproximadamente 22 milhões, a pergunta que não quer calar é: como iremos armazenar, gerenciar, distribuir e proteger essas informações?
Atualmente, quase 80% dos gastos de TI são feitos apenas para manter as coisas funcionando e não para investir no que realmente agrega valor ao negócio. Isso acontece justamente porque manter o que já existe hoje é muito complexo, tão complexo que passa a ser quase impossível manter todas as coisas sem falhas de segurança. Para se ter uma ideia, hoje existem 60 milhões de Malaware (Malicius Software, destinados a se infiltrar com o intuito de causar dano ou roubo de informações), dos quais 20 milhões, ou seja, um terço, foram criados no último ano.
A situação vai pior, e muito. Manter as coisas funcionando vai ficar mais caro ainda. É necessária uma revolução, uma nova arquitetura e novos produtos terão que ser desenvolvidos. Essa nova arquitetura preparada para essa explosão de dados já existe e tem como requisito básico algo simples e vital para sobreviver aos tempos que virão: virtualizar ao máximo toda a infraestrutura de TI, incluindo servidores, storages e desktops. É a criação da Nuvem Interna (Internal Cloud).
Fala-se muito das nuvens, mas esse primeiro passo básico de criar a Nuvem Interna, virtualizando toda a infraestrutura atual, é fundamental, pois além de preparar a organização para a explosão de dados, vai também permitir que cada empresa escolha posteriormente quanto de seu negócio será jogado para as Nuvens Externas. Tenho certeza que isso vai variar muito de companhia para companhia, com algumas processando tudo em sua Nuvem Interna enquanto outras processarão tudo em "public providers" de Nuvens Externas. A maioria escolherá possivelmente um modelo híbrido usufruindo o que as Nuvens (Interna e Externa) oferecem de melhor.
Com relação aos novos produtos a serem desenvolvidos, muitos já estão disponíveis: soluções de desduplicação de dados, que permite aos tempos de backup fiquem dentro das janelas disponíveis, apesar dessa explosão insana de dados; soluções que enderecem de uma nova forma o tamanho dos File Systems para limites nunca antes imaginados; soluções que permitam passar parte ou todo o processamento de uma Nuvem para outra, de forma transparente para os usuários, entre outros.
No Brasil, se por um lado o volume de dados nas empresas não é tão gigantesco como nos Estados Unidos, temos o agravante de estarmos em fases mais embrionárias da adoção das Nuvens Internas. Muitas empresas já iniciaram o processo de virtualização de seus servidores e storage, mas ainda é pequeno o percentual que foi colocado em arquitetura de nuvem interna, cerca de 30% na média do país.
Uma longa jornada ainda nos aguarda e o momento é agora.
Daniel Dystyler é diretor de Plataforma de Datacenter da Sonda Kaizen