O computador, sozinho, é uma máquina inútil. Com essa definição podemos abordar um dos principais assuntos relevantes no mercado de tecnologia da informação brasileiro na atualidade. O desenvolvimento da tecnologia trouxe inovações maravilhosas com funções sequer imaginadas há uma década, mas nos exigiu também a contratação de profissionais com cada vez mais habilidades específicas e técnicas. Por isso, analistas de TI, programadores e toda uma gama de profissionais formados e em formação, precisam entender que é fundamental se manterem atualizados para estarem prontos para atender às exigências desse mercado em crescimento exponencial.
O fato de as empresas brasileiras estarem crescendo e ganhando o mundo já vem gerando, há algum tempo, um déficit importante de mão de obra especializada em TI no país, que tende a se agravar se programas de formação e qualificação não forem acessíveis, propiciando não só a formação tradicional, mas também especialização e certificação em soluções específicas.
No momento já não temos mão de obra para dar conta da demanda interna. Ao mesmo tempo em que este é um cenário gerador de oportunidades de emprego, é preocupante, pois não há o número necessário de pessoas treinadas para atender ao mercado. Com isso, torna-se evidente e urgente a necessidade de investir em treinamento, formação e especialização de pessoas para atuarem na área de TI.
A escassez de profissionais especializados em TI no Brasil é enorme: a Brasscom estima que 100 mil novos profissionais de tecnologia da informação se formam por ano em cursos relacionados (técnico, graduação e pós-graduação), contudo, o volume de vagas geradas no país é muito maior em função do crescimento da indústria brasileira de software e serviços. Isso, sem contar as metas de exportações que as entidades do setor propõem ao governo, que devem ir de US$ 3 bilhões, em 2009, para US$ 20 bilhões em 2012, tornando positiva a balança comercial. A meta é criar 750 mil postos no setor até 2020, duplicando o número de profissionais que trabalham em TI no Brasil. Projeções do observatório Softex apontam, somente para este ano, para um déficit de 71 mil profissionais, que poderá chegar a 200 mil já em 2013.
Atualmente, já existem no Brasil diversas instituições voltadas à formação e certificação dos profissionais de tecnologia da informação, tanto públicas como privadas, mas é preciso incentivar a criação de novos cursos e a ampliação do número de vagas, observando sempre a qualidade do conteúdo oferecido e as principais demandas do mercado referentes a aplicativos, hardware, linguagens de programação etc.
A Oracle University, por exemplo, é responsável por mais de 4 mil cursos e 1,3 milhão de profissionais certificados em mais de 5 mil centros de certificação no mundo. No Brasil, são treinados mais de 5 mil alunos por ano nos mais de 3 mil cursos oferecidos pela Oracle, por intermédio de mais de 30 instituições educacionais parceiras e em 50 centros de testes para certificação distribuídos em todas as regiões brasileiras.
Iniciativas como esta precisam e devem ser ampliadas pela empresa e por outras companhias e pelo meio acadêmico, no curto e médio prazo, para garantir a disseminação de conhecimento e tentar suprir as necessidades imediatas e futuras de profissionais de TI para atender aos mais diversos setores da economia nacional. Hoje, mais do que nunca a tecnologia da informação integra as principais áreas de todas as organizações, trazendo inteligência para os negócios, padronização e aperfeiçoamento de processos, assim como maior produtividade e redução de custos. E o horizonte será ainda mais promissor com a adoção de outras iniciativas em todo o país, que permitam, em até 20 anos, exportar essa mão de obra qualificada com mais competitividade.
*Débora Palermo, gerente da Oracle University.
- Débora Palermo, da Oracle