A Estônia, país no norte da Europa com cerca de 1,3 milhão de habitantes, é referência mundial em identidade digital e inovação tecnológica. Em junho deste ano, no evento Google Cloud International Expedition, a convite do Google e da empresa de tecnologia Dynatrace, tive a oportunidade de conhecer a realidade estoniana e mapear bons exemplos para o Brasil juntos com outros CTOs, CEOs e founders de startups classificadas como "digital natives", ou seja, empresas que nasceram no ambiente digital e que entregam a tecnologia como seu produto final. Entre as startups convidadas, além da idwall sendo representada por mim, a Sami Saúde foi representada pelo CEO e Co-Founder Guilherme Berardo; Nextron Energia representada pelo CEO e Founder Ivo Pitangy; Mecanizou representada pelo CEO e Founder Ian Faria; e várias outras empresas.
Uma das iniciativas arrojadas adotadas pelo governo da Estônia é o uso da identidade digital no serviço público, com quase 100% das opções disponíveis online. Atualmente, apenas casos específicos precisam da presença do cidadão em órgãos públicos – casamento, divórcio e transferência de imóvel.
Algumas ferramentas desenvolvidas no país fomentam essa mentalidade digital e pioneira. Nos anos 2000, a Estônia lançou o e-Cabinet, banco de dados que funciona como gabinete eletrônico e agiliza decisões governamentais. Também nessa época foi apresentado o X-Road, plataforma de código aberto para troca de dados entre organizações públicas e privadas, uma estrutura unificada que permite o acesso online dos serviços oficiais.
O e-ID, identidade digital de todos os estonianos que existe há mais de 20 anos, é outro ponto singular que sustenta as facilidades do cotidiano. A credencial faz parte das transações diárias dos cidadãos, com o conceito de autenticação sem presença física. As pessoas usam suas identidades eletrônicas para pagar contas, votar online, assinar contratos, fazer compras, acessar prontuários de saúde, e muito mais.
Desde 2014, a Estônia expandiu o acesso à identidade digital para interessados que morem em outros países, por meio do programa e-Residency. A medida, que pode ser solicitada online e leva entre três a oito semanas para conclusão, proporciona todos os acessos estonianos e apoia a economia local, favorecendo o empreendedorismo de startups.
Berço de grandes expoentes como o Skype, que foi a primeira ferramenta de comunicação P2P (Peer-to-Peer) e revolucionou a comunicação no mundo, a Estônia é o país europeu com a maior quantidade de unicórnios per capita – como são chamadas as startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão. A Inteligência Artificial tem guiado uma nova geração de negócios na nação, que se destaca como um hub de startups que usam essa tecnologia.
Comparativamente com o Brasil, há muito o que se avançar. A inclusão digital de uma população de mais de 210 milhões de habitantes, espalhada por um país de extensão continental, é um dos desafios. Mas, apesar das dificuldades, vale dizer que o país tem feito progressos significativos em várias áreas, sobretudo com a digitalização de diversos serviços impulsionada pela pandemia de Covid-19.
Na esfera privada, a idwall trabalha para oferecer a garantia da verificação de identidade e prevenção de irregularidades em diversos setores. Em um ecossistema de segurança próprio, são reunidas informações dos usuários de forma completamente segura e que pode ser acessada pelas empresas para geração de inteligência de negócios.
Danilo Barsotti, CTO da idwall.