De acordo com a Anatel, em mensuração de 2020, mais de 60% do mercado de fibra óptica para os domicílios brasileiros vêm das PPPs. Além disso, no período de março a setembro do ano passado, o aumento do acesso à internet nas velocidades acima de 34 Mbps cresceu em 20% entre os pequenos provedores, como afirma a Abrint.
As Prestadoras de Telecomunicações de Pequeno Porte (PPPs) são protagonistas nos serviços de telecom. A demanda dos provedores regionais, aliás, cresceu 47% no geral em 2020, ou seja, no auge da crise pandêmica. No mesmo período, as grandes operadoras cresceram 18%.
O aumento da demanda foi de 144%, ou seja, 3,5 milhões de novos acessos. As gigantes do mercado cresceram cerca de 39% no mesmo período. A essencialidade da internet de banda larga ficou evidente no período de isolamento social e os provedores tiveram um protagonismo muito grande na expansão dos acessos de maior velocidade".
No entanto, a pauta do momento, o 5G, vem tirando o sono de algumas companhias pequenas. Não é por menos, pois a expectativa é de que a participação de provedores menores no leilão de frequências promovido pela Anatel seja possível, descentralizando as oportunidades das mãos somente das grandes operadoras.
Porém, apesar de sabemos a importância da chegada do 5G ao país e também desejarmos fazer parte dessa revolução que é a quinta geração da telefonia móvel, temos a faca e o queijo na mão se entendermos que tudo é uma questão de aproveitar as oportunidades. Uma operadora menor que entenda a grandiosidade da regionalização pode chegar muito mais longe do que imagina.
Isso porque o regional é mais ágil, chega mais rápido, tem o contato mais próximo com quem contrata seus serviços, entre outras vantagens. Portanto, em relação ao 5G, embora a luta seja necessária, é fundamental ter em mente que o mercado de provedores vai continuar, só está em transformação.
Lembro da internet discada e da quantidade de "mortes de provedores" de que se falou desde então. Alguns, de fato, ficaram pelo caminho. Mas a consolidação do mercado atual é uma movimentação diferente: são os PPPs que estão ganhando corpo e, ainda que cresçam, são eles que tendem à proximidade com o local, ao encontro com o cliente no supermercado, à transmissão de eventos locais, algo que, com o crescimento, é possível que se disperse, mas nunca deverá se perder. Enquanto isso, uma grande Telco jamais chegará tão perto dos clientes como os menores, ainda que não sejam mais tão menores assim.
Dessa forma, essa é a época propícia para se reinventar, afinal, para nós, que somos PPPs, é mais fácil integrar pequenas mudanças. O 5G é um serviço móvel, ele não substituirá a internet fixa. O 4G, aliás, já tem uma velocidade considerável. Então, porque tenho banda larga fixa em casa? Porque no móvel é franquia, ou seja: se eu for usar minha franquia mobile para ver tv, acessar no celular, trabalhar e estudar, meu plano se irá em minutos.
Agora, o que os provedores precisam ficar atentos é que as pessoas querem cada vez mais a mobilidade. Atentar para as oportunidades é essencial, seja com leilão ou com sobra de frequência, é preciso sim pensar como agregar mais esse serviço.
Só que, diante disso, é preciso olhar para o futuro sem medo, pois as PPPs são protagonistas nessa construção. Quando se percebe a regionalização como um diferencial competitivo, aproveita-se mais os detalhes que fazem a diferença: o atendimento personalizado de quem sabe o nome do cliente antes do seu número de assinatura. Isso não tem gigante que consiga melhor do que as PPPs.
Fábio Badra, vice-presidente da InternetSul.