O Brasil é o país com o maior número de profissionais que utilizam laptops, smartphones, tablets e outros dispositivos móveis pessoais nos locais de trabalho no seu dia-a-dia – os chamados iWorkers –, conforme aponta um estudo mundial encomendado à Forrester Consulting pela Unisys Corporation. O levantamento constatou que uma quantidade representativa de empregados usam três ou mais dispositivos e têm um alto nível de uso de tecnologia própria (BYOD – bring your own device, também chamada no Brasil de consumerização), como download de aplicativos, uso de smartphones, tablets, laptops ou seus PCs pessoais. A consultoria refere-se a esse grupo como "mobile elite".
Nos resultados globais da pesquisa, eles correspondem a 23% do total de iWorkers, e o Brasil é o país onde eles são mais representativos – 33% do total. Isso explica a posição avançada do país em outro item da pesquisa: é o único em que a oferta de suporte de TI para os dispositivos pessoais usados por colaboradores no ambiente de trabalho aumentou significativamente entre 2011 e 2012.
No Brasil, a pesquisa revela que mais da metade da mobile elite (54%) já comprou ou pagou algo de seu próprio bolso para fazer o seu trabalho melhor. Capazes de resolver problemas, aumentar sua produtividade e obter benefícios profissionais ao usar dispositivos e aplicativos pessoais em seu trabalho, a mobile elite é agente de mudanças nas corporações. Segundo a pesquisa realizada no Brasil, 40% deles convenceram seus empregadores a mudar a forma de trabalhar, contra 20% da média brasileira dos iWorkers.
Ao comparar as respostas dos iWorkers com as dos líderes de TI e negócios, nota-se uma diferença significativa na percepção da tendência de consumerização. Em relação à produtividade, enquanto os 39% dos iWorkers dizem usar dispositivos e aplicativos pessoais porque precisam disso para fazer seu trabalho e a empresa não oferece uma alternativa, menos de 31% dos responsáveis pela tomada de decisões acreditam que os dispositivos são essenciais para os negócios – 68% dos executivos de TI consideram que os colaboradores querem usar dispositivos e aplicativos pessoais porque as usam na vida pessoal e as desejam também no trabalho, mas somente 23% dos iWorkers afirmam o mesmo.
Aplicativos móveis em alta
O estudo de consumerização também alerta para a adoção de BYOD como uma revolução guiada pelos trabalhadores. Os números apontam que 64% das empresas brasileiras pesquisadas consideram o uso de aplicativos BYOD um comportamento de risco e destrutivo, que pode levar à demissão do funcionário. Apesar disso, 85% dos profissionais mobile elite e 33% de todos iWorkers já baixaram um aplicativo ou usaram um website não suportados pela companhia. Os usuários que baixaram aplicativos não suportados para justificar suas atitudes, alegando benefícios de produtividade e eficiência (53%), maior satisfação profissional (67%) e como forma de resolver problemas (45%). Segundo 39% dos iWorkers participantes da pesquisa, eles baixaram aplicativos não suportados porque a companhia não oferecia uma alternativa.
Do lado das empresas, embora muitas sejam céticas em relação aos aplicativos BYOD, há uma visão geral de que os aplicativos móveis são ferramentas críticas para o negócio, e a maioria está investindo no desenvolvimento de soluções para colaboradores, clientes e parceiros. Por exemplo, 51% já criaram aplicativos de produtividade pessoal para seus colaboradores e 40% já criaram business intelligence para seus clientes. 37% dos entrevistados de TI dizem considerar a relação de aplicativos para os funcionários como automação de força de vendas e CRM, a prioridade para os próximos 12 meses.
A introdução constante de novos elementos que a consumerização traz para as empresas requer uma atenção redobrada com o aspecto da segurança. Não é por acaso que melhorar a segurança móvel é a prioridade para os próximos 12 meses – 78% das empresas brasileiras, e 67% no estudo global. No entanto, as medidas a serem adotadas podem não ser as mais adequadas.
De acordo com a pesquisa, 76% das empresas no Brasil responderam que seu foco será a adoção de autenticação para usuários móveis baseada em senhas, a forma mais primitiva e considerada pela Unisys menos eficaz devido à sua vulnerabilidade. Muito menos são considerados métodos avançados de autenticação: 32% das empresas estão avaliando token USB e outros dispositivos. 35% estão analisando identificação biométrica facial, usando a webcam, e 24% estão considerando identificação de voz, por meio do microfone.
O estudo constata que a maioria das empresas tem políticas de segurança implementadas, mas não fazem consistentemente ferramentas para colocá-las em prática. No caso dos smartphones, por exemplo, 51% têm uma política de segurança para os dispositivos fornecidos pela empresa, que são usados por colaboradores e ferramentas suficientes para suportá-la; 32% têm uma política, mas ferramentas insuficientes. Outros 13% têm a política, mas não ferramentas. Quando se tratam de smartphones pessoais usados no ambiente de trabalho, 40% das organizações contam com uma política e ferramentas adequadas; 36% com uma política, mas ferramentas insuficientes; e 15% somente possuem a política de segurança, sem ferramentas para aplicar.
Brasil lidera suporte a dispositivos móveis
Globalmente, os departamentos de TI relatam que eles estão apoiando cada vez mais o uso de smartphones e tablets no local de trabalho: 61% dos entrevistados de TI dizem que suas empresas oferecem um alto nível de suporte de TI, contra 27% em 2011. Porém, o suporte elevado de dispositivos pessoais não manteve o ritmo global. No Brasil, entanto, o quadro surpreende: o alto suporte para os equipamentos de propriedade da empresa aumentou, de 14% em 2011 para 71% em 2012, mas também para os dispositivos de propriedade dos colaboradores ele foi incrementado dramaticamente – de 19% para 50%.
No entanto, uma questão merece atenção particular. Muitas vezes o colaborador não procura ajuda do departamento de TI quando ele ou ela tem um problema com seu smartphone ou tablet pessoal. Embora 82% dos executivos de negócios e TI no Brasil acreditem que os funcionários entrarão primeiro em contato com o departamento de TI quando ocorrer algum problema com o dispositivo pessoal, somente 38% dos iWorkers brasileiros dizem que contatam primeiro a área de TI. 33% afirmam que resolvem os problemas sozinhos, 11% pedem ajuda a amigos e 15% procuram a assistência técnica do fabricante.
O estudo 'Mobile Workers Use Personal Apps to Solve Customer Problems – Is It Ready, Willing, and Able to Assist? procurou ouvir primeiro os iWorkers/consumidores que utilizam dispositivos móveis para uso pessoal e negócios. O segundo estudo, à parte, pesquisou gerentes de organizações com mais de 500 colaboradores com responsabilidade pela aquisição de equipamentos e aplicativos para suas empresas. Os consultados em ambas as pesquisas foram selecionados randomicamente e de painéis internacionais e vieram de nove países: Alemanha, Austrália, Bélgica, Brasil, EUA, França, Holanda, Nova Zelândia e Reino Unido.